Esportes

Com oito candidatos ao ouro, salto em altura é a prova mais imprevisível do atletismo no Rio

Talvez não haja outra prova no programa de atletismo dos Jogos do Rio com um equilíbrio tão grande, expresso no revezamento de atletas no pódio das últimas competições, quanto o salto em altura masculino, a ser decidido a partir das 20h30m desta noite no Engenhão. Links Atletismo 16/08

Não será surpresa, ou mesmo um fracasso, se algum forte candidato à medalha terminar em sétimo ou oitavo lugar entre os 15 finalistas, com a possibilidade de feitos inéditos como o primeiro ouro do Qatar e a primeira medalha da Síria no atletismo olímpico.

APP RIO OLÍMPICO: Baixe grátis o aplicativo e conheça um Rio que você nunca viu

O qatari Mutaz Essa Barshim é o que tem a melhor marca pessoal (2,43m), apenas dois centímetros abaixo do recorde mundial do cubano Javier Sotomayor, que já dura 23 anos. Barshim é ídolo no país, e em Londres-2012 foi bronze, empatado com o canadense Derek Drouin, considerado hoje seu principal oponente. Drouin foi campeão mundial no ano passado, em Pequim, e tem marca pessoal de 2,40m, apenas três centímetros menos que Barshim.

Junto deles há uma longa lista de fortes nomes, evidenciando o equilíbrio da prova, a começar pelos ucranianos Bohdan Bondarenko (marca pessoal de 2,42m e campeão da etapa de Roma da Liga Diamante em junho) e Andriy Protsenko (já saltou 2,40m). Um trio de atletas que tem 2,37m como melhor marca também briga por pódio: o americano Erik Kynard, medalha de prata em Londres-2012 e bronze no Mundal Indoor deste ano, o britânico Robert Grabarz, prata no Mundial Indoor, e Trevor Barry, de Bahamas.

O RECORDE DE SOTOMAYOR

E, por fim, Majd Eddin Ghazal. Nunca um atleta da Síria conquistou uma medalha olímpica em um torneio masculino, e ele pode escrever seu nome na História justamente no mais dramático momento no país, envolvido em guerras civis.

O leque de possibilidades para medalhas seria ainda maior se não houvesse duas ausências importantes: o atual campeão olímpico é o russo Ivan Ukhov, que está impedido de participar dos Jogos do Rio pelo banimento de toda a delegação russa do atletismo como punição ao esquema de doping no país denunciado pela Wada. Além dele, o italiano Gianmarco Tamberi, que tem a segunda melhor marca do ano (2.39m), está lesionado e não veio.

Conheça todos os esportes olímpicos da Rio-2016

Na noite de segunda-feira, uma chuva forte interrompeu as disputas no Engenhão por cerca de meia hora. Se o clima do inverno carioca continuar instável, será outro fator para deixar a prova ainda mais imprevisível.

Além da briga pela medalha, há grande chance de o Engenhão assistir a uma nova quebra de recorde mundial, como já aconteceu nos 400m masculino e nos 10.000m e lançamento de martelo femininos. Sotomayor saltou 2,45m em 1993 e até hoje não foi igualado. É o último recorde mundial de Cuba no atletismo, e sua superação pode simbolizar o fim da era socialista como superpotência atlética.

Numa analogia direta, simples de ser visualizada pelo público brasileiro, mesmo para os poucos afeitos a outras modalidades, é possível dimensionar o recorde de Sotomayor: a medida oficial do travessão nas balizas de futebol é de 2,44m. Ou seja, o que o cubano fez foi transpor, com todo o corpo, uma trave. Os recordes dos Jogos Olímpicos Rio-2016