Economia

Com falta de carros novos, seminovos são a bola da vez

Valores dos seminovos também tiveram aumento médio de 35% nos últimos 12 meses, mas há valorizações ainda maiores

Com falta de carros novos, seminovos são a bola da vez

Cascavel – Diante da crise sanitária global e às paralisações de algumas fábricas em função da falta de semicondutores diretamente ligadas à decisão das montadoras de direcionar os poucos materiais disponíveis para a produção de automóveis mais caros, o protagonismo do mercado de automóveis agora é dos chamados “seminovos”, que tiveram uma alta considerável na procura e também no preço.

Segundo um relatório divulgado pela Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), entidade que representa os lojistas de veículos multimarcas, as vendas de veículos seminovos acumuladas no primeiro semestre de 2021 já superaram as registradas no mesmo período de 2019.

Em 2019 foram comercializados em média, diariamente, 54.802 veículos entre janeiro e junho. No mesmo período de 2020, o número ficou em 36.323. Agora, no primeiro semestre de 2021, a média diária é de 58.944 unidades.

No Paraná

Como reflexo do mercado nacional, o mercado paranaense também teve uma alta. De acordo com o Presidente da Assovepar (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado do Paraná), Cesar Lanconi, no Estado, o mercado vem se mantendo aquecido. “No Paraná nós estamos mantendo em torno de 115 mil transferências por mês de veículos seminovos. Mesmo em relação ao ano retrasado que é o ano pré-pandemia, o mercado vem se mantendo aquecido, não dá sinais de fraqueza, pelo contrário, as taxas de juros continuam atraente pois existe uma competitividade forte entre os bancos, então o consumidor está ganhando”, afirma.

Além do aumento nas vendas, Lanconi explica que os valores dos veículos também tiveram um aumento de 35% em média, nos últimos 12 meses. “Os veículos tiveram uma valorização nos últimos meses, foram pequenos ajustes, mas significativos.”

Segundo ele, a explicação desse aumento está da falta de componentes para a fabricação dos veículos, que resultou em dois tipos de aumento. “A falta de opção e a falta de matéria prima, gerou a alta do preço do carro zero. Em função da falta do carro zero quilômetros, o valor dele aumentou e foi puxando os usados.”

De acordo com Lanconi, os proprietários de revenda não tinham visto um movimento assim nos últimos anos.

Até 60% mais que a tabela Fipe

Neste cenário, modelos usados e seminovos acabam sendo negociados com valores bem acima da tabela Fipe, conforme levantamento entre abril de 2020 e agosto de 2021 da Carupi, plataforma que faz a intermediação de vendas on-line de carros. Veículos mais luxuosos, como o BMW X1 foram negociados por preço mais de 60% acima da tabela Fipe e modelos mais populares, como Fit, Spin e March saíram por valores 40% acima do indicado na tabela, segundo a pesquisas.

A tabela Fipe é muito utilizada como parâmetro de compra e venda de veículos, mas os preços praticados podem variar conforme a região do país, conservação do carro, cor e acessórios, entre outros fatores, não sendo necessariamente um termômetro fiel, conforme apontado pela Carupi.

“As medidas restritivas para conter a Covid-19 impactaram diversos setores, dentre eles o automotivo, quando ao menos 10 montadoras paralisaram suas produções, impactando e trazendo melhores oportunidades para o mercado de seminovos, já que os novos estavam em escassez”, afirma Gustavo Braga, diretor de comunicação da Carupi.