Economia

Cesta básica sobe 7,81% em Cascavel

Dos 13 produtos pesquisados em Cascavel, dez tiveram aumento nos preços

Cesta básica sobe 7,81% em Cascavel

Cascavel – O Projeto de Extensão: Determinação mensal do custo de Cesta Básica de alimentação em Cascavel da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) constatou que o valor da cesta básica individual de alimentos de setembro no Município, comparado com agosto de 2020, registrou aumento de 7,81%, passando de R$ 403 para R$ 434,49.

Dos 13 produtos pesquisados em Cascavel, dez tiveram aumento nos preços, com destaque para o tomate (40,31%), o arroz (29,28%), a banana (27,69%) e o óleo de soja (25,93%). Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a elevação do preço do tomate ocorreu devido à menor oferta do produto no mercado. O preço do arroz foi consequência do aumento das exportações e o baixo estoque regulador. A importação do grão com imposto zero não resultou na queda do preço esperada pelo governo.

Já em relação ao preço da banana, a baixa procura da fruta e a maior demanda no Sul e no Sudeste resultaram no aumento do preço. Os baixos estoques de soja e derivados e a alta demanda externa e interna provocaram o aumento do preço do óleo.

Em razão do aumento do dólar, os produtores internos estão preferindo exportar seus produtos para o exterior a abastecer o mercado local e isso tem provocado a elevação dos preços de vários produtos da cesta básica. O resultado foi o aumento no valor da cesta básica de Cascavel pelo segundo mês consecutivo.

Por outro lado, as principais variações negativas foram observadas na batata (16%), na margarina (7,18%) e no café (1,95%). O preço da batata caiu devido ao avanço da colheita e ao calor, que elevaram a oferta do tubérculo. O preço da margarina caiu devido às promoções de setembro. Já o preço do café foi afetado pelas expectativas de boas safras.

Preço do leite acumula alta de 51% neste ano

Curitiba – Levantamento feito pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento mostra que o aumento de preços de insumos elevou o custo de produção e, por consequência, os valores pagos aos produtores pelo litro de leite subiram mais de 50%, em média, este ano. Os consumidores sentem essa variação nas gôndolas dos supermercados.

Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), responsável pelo levantamento, dentre os vários motivos está o aumento nos preços da soja e do milho, principais componentes da ração fornecida aos animais. O trabalho demonstra que, neste ano, a elevação nos preços dos grãos, principais itens nos custos de produção da bovinocultura leiteira, é superior aos patamares pagos aos produtores.

No Paraná, só em 2020, o preço do leite subiu 51% em relação ao ano passado, reproduzindo um efeito cascata sobre o preço dos derivados como queijos, iogurtes e cremes para os consumidores. Já os custos de produção subiram mais do que isso. A ração subiu 53%, pressionada pelo aumento no custo do farelo de soja, que está 84% mais caro.

Segundo o técnico do Deral Fábio Mezzadri, médico-veterinário e autor do estudo, os produtores estão recorrendo ao aumento das receitas e à melhoria da rentabilidade com o aumento no preço do leite para cobrir os custos elevados da soja e milho.

Estiagem

Outros fatores contribuem para o aumento no preço do leite. Segundo o Deral, a estiagem atrasou o desenvolvimento das pastagens de inverno e, agora, prejudica o plantio e o desenvolvimento das forrageiras de verão, o que tem retardado a produção de alimentos para as vacas leiteiras, ocasionando queda na produção dos rebanhos, com consequente diminuição da oferta de leite no mercado.

Além disso, devido à pandemia e à quarentena, com mais famílias em casa, o consumo se mantém aquecido no comércio varejista e há uma valorização do leite no mercado entre as indústrias. E também está havendo um acréscimo nas exportações de lácteos este ano.

Preços e custos

De acordo com a pesquisa, a média estadual dos preços do leite recebidos pelos produtores em setembro de 2020 foi de R$1,97, ou seja, 49% superior ao mesmo mês de 2019, quando o valor recebido foi de R$ 1,32. De janeiro a setembro a alta foi de 46%, com preços passando de R$ 1,35, para R$ 1,97 o litro. Na primeira quinzena de outubro, a média do preço recebido pelo produtor por litro do leite foi de R$ 2,04.

Em relação aos custos de produção, o Deral mostra que, no acumulado de janeiro a setembro, o preço da saca de soja (60kg) se elevou em 57%, passando de R$ 77,64 em janeiro para R$ 122,11 em setembro. Na comparação com setembro de 2019 (R$ 73,54), a alta foi de 66%.

Também foram observadas altas elevadas no milho. Na comparação entre setembro de 2019 e setembro de 2020, o acréscimo foi de 79% nos preços da saca de 60Kg, passando de R$ 28,09 para R$ 50,33, respectivamente. No acumulado do ano, a alta foi de 28%, passando de R$ 39,19 para R$ 50,33.

Momento de otimismo exige cautela

Apesar da crise, da pandemia e da estiagem, o atual momento é de otimismo e de recuperação da rentabilidade do setor leiteiro. Tem contribuído ainda para esse cenário promissor o crescimento das exportações de lácteos, que se elevaram este ano 25% em receita e 24% em volume no acumulado do ano comparativamente a igual período de 2019.

Mas a análise do Deral é de que o atual momento também pede cautela aos produtores. Segundo o veterinário Fábio Mezzadri, muitas empresas (laticínios) e assistentes técnicos têm orientado os produtores a segurarem maiores investimentos neste período crítico. A orientação vale para investimentos que não são essenciais para as boas práticas de manejo, alimentação e sanidade, indispensáveis a uma produção de qualidade.

Segundo o técnico, o ano de 2020 tem sido bastante atípico para a atividade leiteira. “Já observamos neste período os preços pagos aos produtores e os preços no mercado varejista ora subindo e em outros momentos caindo. Por outro lado, empresas ora operando com estoques lotados e ora com dificuldades em encontrar matéria-prima”, destaca.