Esportes

Casa Japão: um lugar de tecnologia, tradição e samba

A próxima Olimpíada de verão acontece apenas daqui a quatro anos, mas tem
gente garantindo, talvez de galhofa, talvez não, que sua sede, Tóquio, já está
mais preparada do que o Rio. Certamente o investimento dos japoneses é grandioso
desde já, inclusive no local escolhido para sua casa de hospitalidade nos jogos
de 2016: a Cidade das Artes, na Barra.

A Casa do Japão no Rio é uma mistura de tradições e
tecnologias, um contraste representativo do próprio país. Na entrada, a primeira
atração é uma exposição de dezenas de bonecas enfileiradas em 15 prateleiras:
elas são figuras típicas de uma festa conhecida como Hina Matsuri, ou Dia das
Meninas, celebrada todo 3 de março. Na crença japonesa, as bonecas atraem
qualquer mal para si, protegendo seus donos. links casas dos países 13/08

Dali, vai-se do passado para o futuro em poucos metros.
Um segundo estande tem uma televisão com resolução 8K exibindo a cerimônia de
abertura da Olimpíada do Rio. Se a gente já fica feliz em ver imagens detalhadas
nas TVs HD, a 8K permite enxergar o carrapato preso no pelo de um cachorro
escondido debaixo da cama. Ela tem 16 vezes mais pixels do que uma HD. No ano
passado, uma empresa japonesa lançou o primeiro aparelho 8K no mercado, a US$
133 mil. Hoje, há equipamentos mais baratos, pela ?pechincha? de US$ 35 mil.

Puxada pela TV, a Casa do Japão tem todo um corredor que
parece uma feira de produtos nipônicos, de carros abastecidos com combustível à
base de hidrogênio a temperos para comida. Num espaço onde se oferece uma
degustação de saquê, a fila é constante. Noutro, dedicado ao projeto de Tóquio
2020, dá para descobrir o que o Japão planeja para sua própria Olimpíada. Há,
ainda, um grande painel com as fotos de todos os atletas japoneses presentes no
Rio.

Como sempre, o que melhor une os povos é a música. Numa
área central do térreo da Cidade das Artes, foi armado um palco para shows, com
uma programação quase inteiramente dominada por um ritmo tradicionalíssimo do
Japão: o samba. Na abertura, a casa recebeu Arlindo Cruz e a velha guarda do
Império Serrano. Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador se apresentaram na última
terça-feira e retornam hoje, às 15h. Com eles no palco, chama a atenção um
japonês com pandeiro na mão que testa o som do microfone: ??Teste, som, som,
japonês, Império Serrano, Vasco da Gama, time da virada, o sentimento não pode
parar?.

As melhores (ou piores) caretas dos Jogos OlímpicosSeu nome artístico é Keita Brasil, um DJ, percussionista e produtor cultural
japonês que foi responsável pela curadoria dos shows na Cidade das Artes e é
autor do livro ?Um jeito carioca? (em tradução para o português), lançado apenas
no Japão.

? Eu venho para o Rio desde 1997. Sou apaixonado pela
cidade e por samba. Todo ano, desfilo no carnaval ? disse Keita, vestindo uma
camisa do Império Serrano, em bom português. ? Esse pessoal aqui do Samba do
Trabalhador é tudo flamenguista safado. Eu sou Vascão, sou da Força Jovem, vou
aos jogos torcer. Lá no Japão eu faço apresentações sobre o Vasco. Sobre o
Flamengo, não. Ninguém faz.

Depois do gingado de Keita, a Casa do Japão continua no
segundo andar da Cidade das Artes, com atividades culturais. Senhoras vestidas
com belos quimonos mostram como são as cerimônias de preparação de chá, enquanto
homens dão demonstração da caligrafia japonesa para crianças e adultos.

A entrada para a Casa do Japão é gratuita, e seu
funcionamento segue até o dia 21, das 12h às 20h. Depois, o espaço volta a
funcionar entre 7 e 18 de setembro, para a Paralimpíada do Rio.