Cotidiano

Caciques de partidos ficam fora de programa da TV em São Paulo

2010060715475.jpgRIO E SÃO PAULO – Na reta final da votação do impeachment, o programa eleitoral dos candidatos à Prefeitura de São Paulo terá início com participação limitada de caciques nacionais das legendas envolvidas na disputa. Ao contrário do que fez há quatro anos, Fernando Haddad (PT) não terá como principal cabo eleitoral o ex-presidente Lula, que pode aparecer, porém, como coadjuvante. Marta Suplicy (PMDB) não vai mostrar o presidente interino, Michel Temer, numa estratégia para evitar ser associada a um governo ainda provisório.

Com necessidade de se tornar conhecido, João Dória (PSDB) vai na contramão e deve contar com o governador Geraldo Akcmin. Sem figuras nacionais expressivas em seu partido, o candidato do PRB, Celso Russomanno, líder nas pesquisas, tentará, antes de mais nada, fugir das polêmicas na televisão.

Eleições SP

As regras do horário eleitoral gratuito mudaram com a minirreforma de 2015. A propaganda foi reduzida de 45 para 35 dias e a duração dos programas também diminuiu. Serão 10 minutos de programa para os candidatos a prefeito duas vezes por dia. Ao longo da programação das emissoras, outros 70 minutos diários serão destinados a inserções.

No Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB), líder na disputa com 27% das intenções de voto, de acordo com a última pesquisa do IBOPE, abordará na TV sua trajetória pessoal e a realização da Olimpíada, num programa com pouco mais de um minuto. Já Marcelo Freixo (PSOL), segundo colocado com 12%, usará a internet a seu favor. Com apenas 11 segundos na TV, ele aparecerá através de uma tela com chuviscos e zumbidos, tentando sintonizar o aparelho. Quando a imagem ficar limpa, ele vai convocar os eleitores a se conectarem em uma transmissão ao vivo no Facebook e em seu site oficial. Ali, Freixo vai falar sobre mobilização nas ruas, doação para campanha e participação de candidatos de partidos nanicos em debates, além de responder a perguntas de internautas.

Flávio Bolsonaro (PSC) também vai usar seus 23 segundos para convidar os eleitores a continuar o diálogo nas ruas e nas redes sociais. Enquanto Jandira Feghali (PCdoB) falará sobre o Passe Livre Social, que propõe ampliar a gratuidade nos ônibus. A deputada federal tem o segundo maior espaço no horário eleitoral, com um minuto e 27 segundos.

Pedro Paulo (PMDB), candidato com o maior tempo de TV, vai falar sobre a cidade do Rio e sua trajetória política. Carlos Osório (PSDB), por sua vez, abordará as questões do saneamento, na inserção da tarde, e da educação, à noite. E Alessandro Molon (Rede) mostrará sua atuação contra o deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A assessoria de imprensa de Índio da Costa (PSD) não deu detalhes sobre o programa do candidato.

HADDAD COMBATE IMPOPULARIDADE

Atual prefeito de São Paulo, Haddad, que terá o segundo maior tempo na TV, vai apostar nas obras de sua gestão. O petista acredita a população não foi informada sobre o que foi feito em sua gestão e atribui a isso a sua impopularidade. A gestão é reprovada por 76% da população, segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta semana.

O ponto delicado dentro da campanha do prefeito na televisão é o PT. A avaliação é que o desgaste do partido por causa do impeachment e da Lava-Jato influencia na avaliação da gestão em São Paulo. Mas a militância petista pressiona Haddad a assumir as cores da legenda. Assim como Haddad, Marta, que terá o terceiro maior tempo, apostará nas marcas de sua gestão, entre 2001 e 2004.

Com maior tempo entre os candidatos, Doria dedicará o primeiro programa no horário eleitoral gratuito hoje a se apresentar ao eleitorado. Ele é o candidato mais desconhecido da população ? 49% não sabem que é o tucano, segundo pesquisa Ibope divulgada esta semana. (Mariana Sanches, Sérgio Roxo, Silvia Amorim, Stella Borges, Tiago Dantas e Thais Lobo)