Cotidiano

Ao lado de Gilmar Mendes, Maia diz que nesta eleição não haverá "jeitinho brasileiro"

BRASÍLIA – Depois de lançar o Sistema de Informações Eleitorais (Siele) da Câmara, o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que nestas eleições municipais de outubro não haverá mais o “jeitinho brasileiro”, reforçando que os candidatos precisam se conformar que não há financiamento privado e que os recursos são escassos. A declaração foi dada ao lado do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, que também participou da cerimônia, realizada na Câmara nesta terça-feira.

Rodrigo Maia brincou, já no seu discurso, que os deputados até pediam para que se marcassem sessões, porque não queriam estar em suas bases enquanto os candidatos aliados reclamavam da falta de recursos. Neste momento, ele falou que eles precisavam entender que não haverá “jeitinho” nas eleições de 2014.

? O brasileiro acha que no final sempre tem um jeitinho. Só que desta vez não haverá jeitinho. Os candidatos não entenderam a mudança da regra e que não haverá financiamento. Desta vez não tem como conseguir recursos para financiar campanhas eleitorais. Então, desta vez vai ter que ser papel e sola de sapato ? disse Rodrigo Maia.

Ele disse ainda que será uma eleição “atípica” e que levará à necessidade de uma reforma eleitoral mais adiante.

? A gente deve, após as eleições municipais, construir as condições para que o Parlamento entenda que precisa mudar o sistema eleitoral. Será uma eleição muito difícil. Atual sistema é muito caro ? disse o deputado.

Ele arrancou risos quando falou na mentalidade antiga nas eleições.

? Muitos estão preferindo que eu marque sessões para não ficarem nas bases. É que o jeitinho brasileiro está sempre na consciência dos candidatos, infelizmente ? disse ele.

Para ele, os candidatos não se acostumaram com as novas regras.

? Quando havia o financiamento privado, no final o vereador pressionava e você conseguia uma doação para ele, para dar o material. Hoje, não haverá financiamento. É mais grave do que muito ou pouco financiamento. Candidatos que pensaram em estruturas de produção de material, de contratação de pessoas terão que refazer as suas análises, porque está ficando claro para todos que não haverá financiamento. O pouco financiamento que existirá nessa eleição é o fundo partidário, que é muito pequeno para as necessidades dos mais de 500 mil candidatos ? argumentou Rodrigo Maia.

Ele acredita que o sistema atual beneficia candidatos que tem a máquina governamental ou de grupos religiosos.

? Em tese, beneficia candidatos que estão na estrutura, quem está na máquina, os candidatos religiosos com voluntários e aquele que gosta de trabalhar ? resumiu.

Rodrigo Maia disse que a Câmara é transparente em “todos os seus atos” e que o Siele é mais uma prova disso.