Curitiba No ano passado, cada um dos 11 milhões de paranaenses desembolsou R$ 163,40 para manter os 66.764 acadêmicos matriculados nas sete universidades mantidas com recursos dos cofres estaduais. O dado faz desse aluno um dos mais caros do País e a conta, mesmo com a redução de 4,5% no número de acadêmicos no comparativo entre 2013 e 2015, só faz crescer. Juntas, as sete instituições de ensino superior sustentadas com dinheiro dos paranaenses vão exigir R$ 2,4 bilhões no atual exercício.
O diretor de Orçamento da Secretaria de Estado da Fazenda, João Giona, participa de reuniões com empresários, em várias regiões do Paraná, para expor os dramas que tornam a máquina pública tão cara e tão desproporcional entre despesas e investimentos. É difícil entender que mesmo com redução de 3.110 alunos em apenas três anos o custeio das universidades siga no caminho inverso, afirma ele. Cada acadêmico custa em média no Paraná R$ 27,5 mil por ano, ou cerca de R$ 2 mil por mês. Na mais cara das sete instituições, a média mensal chega a R$ 3,2 mil, ou R$ 38,4 mil por exercício.
Números da Fazenda chegam a uma conclusão que pode parecer absurda, mas que dá a clara situação do quadro: caso todos os alunos matriculados nas sete universidades mantidas com dinheiro do governo estadual fossem transferidos para instituições privadas haveria economia de dinheiro. A redução, considerando o valor médio de um aluno das estaduais e das privadas, com base em mensalidade média de R$ 1,6 mil, ficaria entre 15% e 20%. Enquanto aqui o acadêmico das estaduais custa R$ 163,40 per capita, em São Paulo o valor é de R$ 115, na Bahia de R$ 53,9 e na Argentina de R$ 1,40.
R$ 300 bilhões
Situações com essa, embora as enormes dificuldades que envolvam o assunto, precisarão ser enfrentadas diante de um cenário de forte comprometimento dos recursos do Estado. Somente em déficit de previdência, o rombo chegará aos R$ 300 bilhões em 2089. Cerca de 90% dos R$ 2,4 bilhões do orçamento das instituições superiores para 2016 serão destinados à folha de pagamentos. Há professores que, ao atingir o doutorado e com dedicação exclusiva na categoria T40, chegam a receber salários próximos dos R$ 30 mil mensais.
Juntas, as sete universidades têm 2,9 mil pessoas em cargos de comissão, que custam aproximadamente R$ 140 milhões por ano. Isso considerando apenas o salário médio mensal de R$ 4 mil cada, mas números indicam que essas remunerações são superiores a isso. O que a sociedade tem que entender é que o custeio da máquina pública, incluindo as universidades, é ela quem paga, por isso precisa exigir estruturas mais eficientes, resolutivas e econômicas, diz João Giona. O orçamento público do Paraná para 2016 é de R$ 55,6 bilhões. Dessa montanha de dinheiro, apenas 0,89%, ou R$ 385 milhões, serão destinados a investimentos.
Custo per capita/acadêmico
Paraná 11 milhões de habitantes R$ 163,40
São Paulo 40 milhões de habitantes R$ 115
Bahia 15 milhões de habitantes R$ 53,90
Redução no número de acadêmicos é de 4,5%
Por uma série de fatores, o número de alunos matriculados nas universidades estaduais do Paraná recuou em 4,5% no comparativo de 2013 e 2015. Eles somavam 69.874 em 2013 e no ano passado eram 66.764, redução de 3.110, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda.
Na UEL de Londrina eram 13.296 e caíram para 12.397 (recuo de 899 alunos), na UEM de 15.790 para 14.902 (menos 888), na Unioeste de 9.281 para 8.829 (redução de 452), na Unespar de 11.436 para 11.141 (diminuição de 295), na UENP de 4.818 para 4.527 (queda de 291), na Unicentro de 7.890 para 7.604 (menos 286).
O único resultado positivo no comparativo é da UEPG, Universidade Estadual de Ponta Grossa, que tinha 7.363 acadêmicos no ano letivo de 2013 e chegou a 7.364 em 2015, com saldo de apenas um aluno.