Toledo – Metade dos municípios da região oeste com registro de exportações na balança comercial brasileira teve queda nas vendas externas no mês de julho deste ano se comparado a igual período do ano passado. Os dados vão além. Segundo relatório do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), essa condição não era observada havia pelo menos uma década, desde a crise americana que afetou o mercado internacional em 2008 e a crise da avicultura, com impactos diretos na época às transações do oeste, onde mais de 70% das pautas internacionais vêm justamente desse setor.
Isso significa que agora, dos 26 municípios que exportaram no oeste no mês passado e em julho de 2017, 13 fecharam o ciclo com retração nessas comercializações, alguns inclusive tendo esse indicador zerado agora.
Entre os que mais chamam a atenção estão os municípios de Palotina, com retração de 15% no mês passado (baixou de US$ 36,1 milhões para US$ 30,6 milhões) e de Cascavel, com queda de 6% (de US$ 38,1 milhões para US$ 35,9 milhões).
Mas entre os maiores exportadores regionais, o que centralizou maior redução nas vendas externas foi o de Toledo, com recuo no mês passado de 97% (baixou de US$ 40 milhões para US$ 1,4 milhão). “O que pode ter havido aqui é uma indústria que opera na cidade voltar a faturar tudo por Paranaguá o que tende a refletir na arrecadação do Município. Uma situação bastante preocupante”, avalia o agrônomo e especialista em mercado José Augusto de Souza.
Assim, o acumulado mensal das vendas externas no oeste fechou o ciclo com redução de 16%. As exportações regionais haviam somado, em julho de 2017, US$ 192 milhões e no mês passado US$ 160,6 milhões.
Para o especialista em mercado internacional, Camilo Motter, entre as justificativas mais plausíveis está uma acomodação de mercado quanto à venda de grãos e nas demais exportações o reflexo ainda é referente à greve dos caminhoneiros (em maio) e o tabelamento dos fretes imposto por medida provisória em 30 de maio passado, sancionada pelo presidente Michel Temer na semana passada. “Esses dois fatores influenciam basicamente o mercado externo no que está ocorrendo agora. As vendas de grãos estão praticamente paradas e o alto custo do frete interfere em todas as transações internacionais”, completou.
O oeste vendeu em todo o mês passado US$ 160,5 milhões, mas em julho de 2017 havia sido US$ 192 milhões. “Isso porque o cenário não é muito positivo, os importadores não vão aceitar esse aumento de preço [do frete], essa tabela pegou pesado (…), como os contratos geralmente são feitos por trimestres, acredito que haja uma reacomodação do mercado no fim deste terceiro semestre [em setembro]. Até lá deveremos seguir com vendas em queda”, seguiu José Augusto de Souza, ao considerar que muito provavelmente o mercado brasileiro está perdendo contratos pela falta de competitividade no mercado mundial. “Quando quem compra precisa pagar mais caro, ele vai buscar outros mercados quebrando ou não renovando contratos. Pode significar que estamos perdendo ou prestes a perder alguns mercados por dois ou três anos”, completa.
Toledo aumenta importações em 30%
As importações no mês passado seguiram em ritmo de queda no cenário regional. A retração desta vez foi de 36%, baixando de US$ 59,1 milhões em julho do ano passado para US$ 37,7 milhões em julho deste ano. Nesse quesito, Toledo foi destaque mais uma vez. Entre as principais economias na balança comercial do oeste, foi uma das poucas que registraram aumento nas compras de outros países e não foi pouca coisa. O acréscimo foi de 30% para o mês. Em julho de 2017 o Município havia importado pouco menos de US$ 8 milhões, no mês passado foram US$ 10,2 milhões.
Entre os aspectos que chamam a atenção é que as importações ali superaram as exportações em quase oito vezes. O carro-chefe foi o milho que, sozinho, representou 30% das compras internacionais, sobretudo aquele vindo do mercado paraguaio. “As fábricas de ração estão priorizando a compra do milho importado porque está mais competitivo, frete mais barato e o cereal mais barato também”, seguiu José Augusto de Souza.
Consideradas essas variáveis, com retração nas exportações e nas importações, o saldo da balança regional para o mês também fechou em queda. Foram 8% menos recursos em caixa para o oeste. Em julho do ano passado o saldo da balança havia sido de quase US$ 133 milhões, agora foi de US$ 122,8 milhões.
Acumulado do ano segue em alta
Como o início deste ano foi muito bom para as transações internacionais na região, o acumulado para o ano ainda registra aumento, tanto nas exportações quanto no saldo da balança. As importações tiveram recuo no período.
O avanço nas exportações de janeiro a julho foi de 3% no oeste, com US$ 1,05 bilhão, contra US$ 1,02 bilhão no acumulado de 2017. As importações recuaram 16% no período, baixando de US$ 355 milhões (janeiro a julho de 2017) para US$ 297 milhões (janeiro a julho 2018).
O saldo da balança comercial nesses sete meses foi 14% maior que o mesmo período do ano passado, saindo de US$ 665 milhões para US$ 747,6 milhões.