Quedas Uma decisão do Ministério da Justiça pegou líderes e moradores de Quedas do Iguaçu de surpresa ontem. Sem aviso prévio, veio de Brasília uma ordem para que os agentes da Força Nacional, que estão no município há cerca de dois meses, deixem a cidade. Os policiais começam a voltar às suas bases já a partir da manhã desta terça-feira.
O envio de cerca de 35 policiais ao município, foco de uma das principais invasões do MST (Movimento Sem-Terra) atualmente no Brasil, foi acordado em reunião do governador Beto Richa com o então ministro José Eduardo Cardozo. Líderes informam que a previsão inicial era de que a Força Nacional permaneceria no município por pelo menos seis meses e que o convênio então poderia ser prorrogado por igual período.
Não sabemos quais foram os motivos da retirada dos homens antes do acordado, lamentava ontem um empresário, que preferiu ficar no anonimato. O deslocamento da Força Nacional foi uma das respostas para arrefecer os ânimos entre membros do MST e funcionários da Araupel. E também para diminuir os índices da criminalidade no município, que cresceram a índices preocupantes principalmente nos últimos dois anos com a presença de mais famílias ligadas ao Movimento Sem-Terra.
Insegurança
Mesmo que ninguém confirme a informação, uma coisa ficou clara entre os que acompanharam as incursões da Força Nacional em Quedas do Iguaçu. Os limites de ação da corporação eram severos. Os policiais sequer podiam entrar nas áreas ocupadas pelo MST em propriedades da reflorestadora. No entanto, a presença de mais policiais na cidade aumentava a sensação de segurança. Com a redução do efetivo, o temor é de que a criminalidade, principalmente ações lideradas pelo Movimento, aumente.
Nem mesmo a presença da Força Nacional intimidou algumas das ações do Movimento Sem-Terra. No dia 8 de março, mulheres campesinas invadiram o viveiro da empresa e destruíram em 20 minutos cerca de 1,5 milhão de mudas destinadas a reflorestamento. Além disso, outras três áreas na região foram invadidas. Uma delas da Araupel, em Nova Laranjeiras, e outras duas propriedades de terceiros em Quedas, vizinhas às terras reivindicadas pelo MST. Os atos de violência estariam ligados a três derrotas consecutivas impostas à ação dos sem-terra pelo TRF4, onde corre o questionamento quanto à legalidade dos títulos de posse da Araupel.