Cotidiano

Greve PM: operação prende mais duas pessoas em Vitória

VITÓRIA ? Um policial militar e a mulher de um ex-policial militar foram presos, no Espírito Santo, nesta quinta-feira, em nova fase da operação ‘Protocolo Fantasma”, que investiga a atuação de grupos interessados em realizar nova paralisação de militares no estado. A 4ª Vara Criminal de Vitória determinou a prisão temporária, ou seja, por cinco dias – prorrogáveis por mais cinco – de Izabela Renata Andrade e do soldado João Marcos Malta de Aguiar. Além disso, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão nas residências deles.

De acordo com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o soldado João Marcos foi flagrado na noite do dia 19 de março, véspera da operação que desmantelou o grupo acusado de organizar novos protestos, transmitindo informações detalhadas sobre o cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão que ocorreria na segunda-feira, dia 20 de março. As informações foram divulgadas em grupos de trocas de mensagens eletrônicas que reúnem militares e, segundo as investigações, permitiu que “vários dos investigados ocultassem provas que seriam importantes ao êxito da investigação”.

Além disso, uma interceptação telefônica autorizada pela Justiça revelou que Izabela Andrade, mulher de um PM já detido na primeira fase da operação, informou a outro policial que conseguiu ocultar o celular do marido e que estava apagando os dados armazenados. Segundo o MPES, ficou demonstrado que “ambos agiram de forma atentatória à administração da Justiça, prejudicando a colheita de provas que seriam essenciais ao êxito de investigação tão importante à manutenção da paz social”.

Izabela – Alô?

Policial – Oi

I – Ei, meu amor!

P – Quem fala?

I – Izabela, você não viu minha mensagem não?

P – Não… Vi agora, acordei agora

I – Ah, a gente tá aqui na Gaeco.

P- Onde isso?

I – Matias tá preso aqui, em Vila Velha

P – Ah, tá. Levaram ele pra onde?

I – Não levaram ele ainda não, ele vai prestar esclarecimento ainda. Mas a prisão dele é preventiva. Fizeram busca e apreensão lá em casa e trouxeram ele pra cá.

P – Mas tinha alguma coisa ou não?

I – Não, tranquilo. Tudo tranquilo

P – E os advogados já tá aí, como é que tá?

I – Já, (XXXXX) tá aqui e doutor (XXXXX) tá chegando. Daqui a pouco eles tão aqui

P – Mas já tão tentando ver? Viu, eu falei isso lá no sábado né?

I – Aqui, deixa eu te falar um negócio com você. É… não, tá tranquilo. É porque… pede pra ninguém ligar pro telefone dele não, porque o telefone dele tá escondido, entendeu? As pessoas que, tipo assim, tem contato frequente com ele, dá esse recado pra mim, que depois eu vou limpar tudo e vou guardar, que eu não sei quanto tempo ele vai ficar.

P – Não, tranquilo. Sem problema

I – Entendeu? Então tá bom

P – É porque eu vim pra cá ontem, pra Barra de São Francisco

I – Mas você falou. Não, mas beleza, tá tranquilo aqui. Qualquer coisa te mantenho informado

P – Não, qualquer coisa você me liga

I – Pode deixar, qualquer coisa te ligo

P – Então tá

I – Então tá, tchau

O MPES investiga os integrantes de uma organização criminosa que, sob pretexto de reivindicar aumento salarial e outros benefícios aos policiais militares, vale-se de atentados contra serviços de utilidade pública, apologia a fatos criminosos, motim/revolta, ameaças a autoridades, dentre outros crimes. A primeira fase da operação aconteceu na segunda-feira, quando quatro pessoas foram presas com o objetivo de “prevenir novas articulações que levem o policiamento a uma possível paralisação”.

Estão detidos o policial militar Leonardo Fernandes Nascimento, o ex-soldado Walter Matias Lopes, além de Cláudia Gonçalves Bispo (mulher de PM) e Ângela Souza Santos (parente de PM). O ex-soldado Walter é acusado, junto ao capitão da Reserva e ex-deputado Lucínio Castelo de Assumção, de estimular o movimento que paralisou a PM no Estado no mês passado.

No mês passado policiais alegavam que estavam impedidos de trabalhar nas ruas porque parentes de militares bloqueavam a frente dos batalhões. Durante a paralisação, uma onde crimes tomou conta do Espírito Santo. 199 pessoas foram assassinadas. As investigações do MPES não impedem as negociações para aumento de salário dos policiais.