WASHINGTON ? O presidente americano, Barack Obama, afirma ter enviado 47 soldados ao Sudão do Sul, país que mantém um acordo de cessar-fogo há dois dias após ter vivido uma forte onda de violência armada. Os confrontos entre os partidários do presidente e os defensores do vice-presidente intensificaram-se na capital Juba, apesar dos apelos de paz das Nações Unidas, no início da semana. Há relatos de mais de 300 mortos, aumentando temores de que o país esteja novamente mergulhando em uma guerra civil.
Em uma carta ao Congresso, Obama disse que as tropas desembarcaram na terça-feira. Sua função é proteger os funcionários americanos que trabalham no país ? sobretudo na embaixada dos EUA em Juba. Segundo o presidente, os soldados permanecerão lá até que a situação da segurança nacional melhore o bastante para que sua presença não seja mais necessária. As tropas estão equipadas para combates.
Outros 130 membros de forças de segurança americanas estão posicionadas em Djibouti e podem ser enviadas ao Sudão do Sul, caso seja necessário, afirmou o Chefe da Casa Branca.
Na segunda-feira, a embaixada dos Estados Unidos em Juba informou que pelo segundo dia consecutivo haviam sido registrados fortes combates entre o governo e as forças de oposição. Os confrontos se concentraram nas mesmas áreas onde no domingo os soldados fiéis ao presidente Salva Kiir e os escoltas do vice-presidente e ex-chefe rebelde, Riek Machar, se enfrentaram.
No mesmo dia, o presidente do Sudão do Sul anunciou que suas forças de segurança iniciariam um cessar-fogo após os combates chegarem à capital, Juba. Salva Kiir disse também que estava pronto para conversar com seu rival Riek Machar, após os confrontos que ameaçaram levar o país de volta à guerra civil.
Não existe um balanço oficial dos quatro dias de violência, mas as partes em conflito concordam que centenas de pessoas morreram na explosão de violência, que coincide com o quinto aniversário da independência do país.
Apesar da frágil trégua, governos estrangeiros conduzem operações para retirar seus cidadãos do Sudão do Sul: Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão, Índia e Uganda. As saídas estão sendo organizadas por aviões militares e fretados, uma vez que os voos comerciais ainda não foram retomados.
A embaixada dos EUA também estão organizando viagens para retirar seus funcionários não-essenciais do país e todos os cidadãos americanos que quiserem deixar o Sudão do Sul. Os recentes confrontos levaram mais de 36 mil pessoas a fugirem de Juba desde sexta-feira.
Mais de 36 mil deslocados na capital do Sudão do Sul
ONU PEDE AJUDA A PAÍSES DA REGIÃO
O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu no domingo ajuda aos países da região para colocar fim aos intensos combates. Uma disputa política entre Kiir e Machar gerou o conflito interno no país em dezembro de 2013.
No entanto, no âmbito de um acordo de paz assinado em agosto de 2015, Machar retornou a Juba em abril junto a um importante contingente de homens e atuou novamente como vice-presidente, em um governo de união nacional liberado por Kiir.
Os combates se estenderam no domingo ao leste de Juba, onde as tropas dos dois grupos dispõem de bases ao pé das montanhas de Jebel Kujir e perto de um campo da ONU. Posteriormente, os confrontos atingiram outras zonas da capital, entre elas o setor de Gudele, conhecido por ser um barril de pólvora e onde Machar tem seu quartel-general, e o bairro de Tongping, situado perto do aeroporto internacional de Juba.
Em uma declaração adotada por unanimidade no domingo, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU exigiram do presidente Salva Kiir e de seu rival e vice-presidente Riek Machar que ?façam todo o possível para controlar suas respectivas forças e pôr fim, de forma urgente, aos combates?.
Durante a reunião extraordinária, o chefe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), Hervé Ladsous, apresentou um relatório sobre a situação.