RIO ? Minas Gerais tem cerca de 80% dos casos de febre amarela
silvestre registrados no atual surto ? 1.076 dos 1.456 casos suspeitos
notificados sendo 272 dos quais já confirmados, segundo o informe do Ministério
da Saúde atualizado em 8 de março. Porém, embora o estado já estivesse dentro da
área de recomendação de vacinação contra a febre amarela do Ministério da Saúde
anos antes do surto, a cobertura vacinal de 2007 a 2016 é de apenas 52,62%.
Especialistas dizem que para garantir o bloqueio da doença essa cobertura deve
ser de 90%.
A superintendente de Vigilância Epidemiológica,
Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, Deise
Aparecida dos Santos, explica que esse percentual deve aumentar depois do atual
surto. Ela diz que o estado recebeu 6.139.400 doses de vacina do Ministério da
Saúde em 2017 e que a prioridade agora é vacinar a população. O estado tem 20,87
milhões de habitantes, de acordo com dados censitários de 2015. Os dados sobre a
cobertura vacinal depois das campanhas de emergência de bloqueio só serão
inseridos no sistema nacional no fim de abril, quando se espera que o surto
tenha sido controlado.
? Realmente a cobertura vacinal de Minas Gerais é baixa,
deveria ser de 100%. Mas a do Brasil como um todo também é. Tem muito tempo que
não se faz uma campanha nacional de vacinação contra a febre amarela ? diz a
superintendente da vigilância epidemiológica mineira.
Segundo ela, a própria vigilância epidemiológica de
Minas Gerais detectou morte de macacos na região de Montes Claros em março de
2016 e foi realizada a vacinação da população local nessa época. Os municípios
dessa região apresentavam uma cobertura vacinal desigual de 2007 a 2016: de
89,99% em Engenheiro Navarro a 29,81% em Rubelita. Deise dos Santos diz que o
fato de um macaco morto em agosto e confirmado para febre amarela em setembro
não seria surpresa.
MORTES NOTIFICADAS
Ela afirma que o governo estadual foi notificado em 2 de janeiro sobre casos
suspeitos de febre hemorrágica em seres humanos e morte de macacos em municípios
das regiões de Teófilo Otoni, Coronel Fabriciano, Manhumirim e Governador
Valadares. Nessas regiões a cobertura vacinal era baixa, muitas vezes abaixo de
50%. Na própria cidade de Manhumirim era de 24,46%. Já na região de Teófilo
Otoni, em Ladainha, um dos primeiros municípios a notificar casos, 47,51% dos 17
mil habitantes estavam vacinados. Lá há 21 mortes notificadas, das quais 13 já
foram confirmadas.
Na região de Coronel Fabriciano os casos só foram notificados depois, mas há
mortes e casos graves confirmados que ocorreram em dezembro:
? Lá fizemos investigação retrospectiva. Acho que a
demora nas prefeituras em notificar se deve ao fato de estarem trocando de
gestão, num momento de transição, complicado ? diz.
Moradores de municípios como Piedade de Caratinga (48,27% de cobertura
vacinal pré-surto) e
Imbé de Minas (28,81%) adoeceram em dezembro. A morte de macacos começou ainda
antes.
? De fato as pessoas falavam que os barbados tinham
morrido, mas isso só pode ser visto depois ? diz Deise.