Cotidiano

Democratas pressionam Sanders a deixar disputa pela indicação

2016 908449333-201605110200416643_AFP.jpg_20160511.jpgWASHINGTON – Com a confirmação do nome de Donald Trump como candidato republicano praticamente garantida, cresce a pressão entre senadores democratas para que Bernie Sanders deixe livre o caminho para Hillary Clinton na legenda. O temor é de que a insistência do senador em permanecer na disputa afete as chances da ex-secretária de Estado contra o bilionário. Sanders continua somando vitórias, mas sua causa é praticamente perdida, já que são poucas as chances de que ele se recupere da desvantagem em relação a Hillary nas próximas prévias. Mesmo assim, vitórias recentes em Indiana e Virgínia Ocidental deram fôlego a seus partidários. Sanders

? Não creio que entendam as consequências que pode ter o prolongamento das primárias democratas ? disse a senadora Dianne Feinstein, que apoia Hillay e mediou o encontro entre a ex-secretária de Estado e Barack Obama durante as prévias de 2008. ? É prejudicial porque ela não pode focar na eleição geral, como deveria fazer. Trump já está fazendo.

Obama e Biden de fora

Até agora, Hillary não pediu diretamente que Sanders se retire da disputa, já que ela mesma se manteve no páreo contra Obama até junho daquele ano. Mas, agora que Trump garantiu a nomeação republicana, com a saída de seus rivais, muitos democratas acreditam que ele possa tirar proveito da decisão de Sanders de ir até o fim, tentando captar o voto dos setores independentes que apoiam o senador. Na semana passada, numa mudança radical de discurso, o bilionário se mostrou a favor do aumento da taxação dos mais ricos ? proposta que o senador de Vermont vem defendendo com unhas e dentes.

? Só espero que ele compreenda que temos que começar a consolidar nosso voto ? disse Steve Israel, que também apoia Hillay, referindo-se a Sanders. ? Os democratas não podemos esperar tanto.

Hillary vem se concentrando, nas últimas semanas, em atacar Trump ? seus aliados dizem que lutar em duas frentes afetaria suas chances de cortejar os partidários de Sanders e os setores independentes, que poderiam acabar se voltando para o bilionário. Além disso, ela deve dedicar seu tempo aos estados onde ainda acontecerão primárias.

A insistência de Sanders em continuar disputando as prévias, por outro lado, faz com que Obama e o vice-presidente Joe Biden mantenham-se à margem dos debates, o que priva Hillary de ter apoio de duas figuras de peso. Funcionários da Casa Branca acreditam que Obama teria capacidade de persuadir alguns apoiadores de Sanders, particularmente os jovens e progressistas. Mas, se agir antes que Hillary consiga a nomeação oficial, corre o risco de irritar os eleitores.

? Isso atrasa o lançamento da campanha (de Hillary) ? disse o senador Sherrod Brown, de Ohio.

Alheio a isso, Sanders continua insistindo na possibilidade de ser nomeado:

? Por favor, não me falem dos problemas de Hillary ? disse recentemente à rede MSNBC. ? É um caminho duro, mas vamos brigar até o último voto.

Sua campanha, porém, está agonizando. A capacidade de arrecadar fundos diminuiu 40% no mês passado, e ele se viu obrigado a demitir centenas de colaboradores. Hillary, por sua vez, está na frente em todos os aspectos: venceu em 23 estados, contra os 19 de Sanders, e conseguiu três milhões de votos a mais. Tem 94% dos delegados necessários à nomeação, e com isso poderia até perder feio em todos os estados restantes e mesmo assim vencer, por contar com a maioria dos superdelegados ? que podem votar livremente.

? Quando ele começa a bater duro (em Hillary) me dá arrepios. Ele dá munição a Trump ? concluiu a senadora Claire McCaskill.