Cotidiano

Combustíveis: Preço médio poderia ser de R$ 2,00 o litro se Petrobras alterasse política

Combustíveis: Preço médio poderia ser de R$ 2,00 o litro se Petrobras alterasse política

O conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal para buscar frear o aumento dos combustíveis aliviou um pouco o preço nas bombas, contudo, o valor ainda está bem longe de ser o ideal para o bolso dos brasileiros. Além disso, o corte dos tributos dos combustíveis, segundo especialistas, não deve equacionar de forma duradoura a crise dos preços de combustíveis, afinal desde fevereiro os preços internacionais de petróleo batem a casa dos U$ 100 o barril.

E, neste contexto, o preço dos combustíveis começa a parecer um problema sem solução aos olhos dos consumidores. Contudo, de acordo com especialistas, o valor poderia ser muito menor, não fosse um detalhe: a política de preços da Petrobras.

Em seminário organizado pelo Grupo de Pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, a Unila, o engenheiro Felipe Coutinho, vice-presidente da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), detalhou o impacto dessa política de preço no valor do combustível no Brasil.

Segundo Coutinho, o preço alto que tem sido praticado no Brasil é resultado da política de preço da Petrobras desde 2016. “O preço relativamente alto que tem sido praticado no Brasil desde outubro de 2016 é uma escolha da direção da Petrobras, não só da direção da Petrobras, é uma escolha do Executivo Federal. O Governo Brasileiro e a direção da Petrobras, decidiram, em outubro de 2016, no Governo Temer, sobre a administração de Pedro Parente, adotar o seguinte: o preço que a Petrobras vai praticar nas refinarias é paritário de importação”, destalha.

O que é um preço paritário de importação? Coutinho reponde: “Acaba com a história do Petróleo é nosso, acaba com a criação da Petrobras, acaba com a descoberta dos campos de petróleo no Brasil e o fato do Brasil ser superavitário e se exportar do Brasil mais de um milhão de barris por dia de petróleo cru; esquece que a Petrobras tem capacidade de refinar mais de dois milhões de barris por dia, compatível com o petróleo nacional, esquece. Nesse Brasil que não existe petróleo, não existe Petrobras, não existe refinaria, não existe nada, qual o preço que a gente pagaria na bomba? O preço Paritário de Importação. Alguns países que não tem petróleo, não tem refinaria, não tem nada, pagam esse preço, o preço de importação, não tem outro jeito.”

 

R$ 1,00

Segundo os dados do especialista, se não fossem praticados os valores de importação, o diesel e a gasolina teriam um custo de aproximadamente R$ 1,00 o litro na refinaria. “Usando um número entre $25 e $35 dólares o barril, que é um número que a gente costuma usar, mais os custos de refino, colocando ainda uma margem no refino para garantir o investimento, a manutenção, etc, botando esses custos, você vai chegar a alguma coisa ao redor de R$ 1,00 por litro de combustível produzido na refinaria, tanto diesel quanto gasolina, alguma coisa por aí.”

Na avaliação dele, hoje, se a política de preço fosse diferente, o combustível poderia sair da Petrobras por aproximadamente R$ 2,00, com um lucro de 100%. “Você não vai vender pelo custo, você bota uma margem. Vamos que seja 100% de margem, o custo é R$ 1,00 e você vende por R$ 2,00 com margem de 100%, margem excelente para qualquer ramo. Com essa margem você abastece todo o mercado brasileiro, recupera o mercado, promove desenvolvimento econômico, promove crescimento econômico, é uma vantagem, energia barata é um motor para o crescimento, um motor para o desenvolvimento humano e a empresa gera muito resultado, porque vai vender muito.”

 

Quem se beneficia?

De acordo com Coutinho, quem se beneficia com essa política de preços são os importadores de combustíveis. “A gente denunciou essa política em 2017, chamou ela de América First, os Estados Unidos primeiro, porque quem ganha são os refinadores que estão no golfo do México, nos Estados Unidos. O mercado brasileiro é livre, competitivo, não tem monopólio nenhum, eles entram aqui e colocam a gasolina e o diesel dele aqui. O produtor de etanol de milho, que é um etanol subsidiado, altamente improdutivo e que é sustentado pelo Governo Americano, esses produtores de etanol colocam esse etanol no Brasil.”

Além disso, classificou como aberração a atual política de preços. “Esse Preço Paritário de Importação é uma aberração, começou em outubro de 2016 e os importadores organizados em associação, viraram lobistas e estão aí defendendo o interesse deles.”