
Cascavel e Paraná - Após completar semana do início do funcionamento do Centro Pop na região central da cidade, em um imóvel localizado na Rua Santa Catarina, entre as ruas Carlos de Carvalho e Souza Naves, representantes de uma comissão formada por moradores, empresários e funcionários de clínicas próximas ao endereço foram à Prefeitura pedir que a instalação seja revista pelo Executivo.
O grupo pretendia falar com o prefeito Renato Silva, mas foi recebido na sala de reuniões do terceiro andar pela secretária municipal de Assistência Social, Rosely Vascelai, e por um grupo de servidores. A secretária ouviu todas as reclamações da comissão e disse que vai relatar a situação ao prefeito e que, até a próxima sexta-feira (11), dará o retorno ao grupo sobre a decisão – se o Centro Pop será mantido no local atual ou se o Município fará nova mudança para outro espaço. A resposta não agradou aos manifestantes, que esperavam uma posição oficial ainda durante a reunião.
ACIC se manifesta
Paralelamente, a Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) se posicionou oficialmente contra a escolha do imóvel para abrigar o serviço, que atende moradores de rua durante o dia com refeições, auxílio e local de descanso. Por meio de nota, a entidade afirmou que os associados expressam preocupação com a escolha do local, situado em uma área com grande fluxo de pessoas, alta concentração de comércios e serviços.
Segundo a Acic, a presença de uma estrutura com esse perfil pode gerar impactos negativos no ambiente de negócios, na percepção de segurança e na dinâmica do comércio local. A associação, no entanto, reconhece e apoia a importância de políticas públicas voltadas ao acolhimento e à reinserção social da população em situação de vulnerabilidade, mas entende que o local escolhido não é o mais adequado para a instalação do Centro Pop, especialmente por se tratar de uma zona estratégica para o desenvolvimento econômico da cidade.
A Acic ainda reforça o pedido da comissão para que o Executivo reavalie o projeto e identifique outra área, mais apropriada, que permita o atendimento digno às pessoas em situação de rua, sem prejudicar o funcionamento e a expansão do comércio e dos serviços no centro de Cascavel.
Protesto permanente
Na semana passada, dois protestos marcaram a polêmica em torno do Centro Pop. O início da circulação de pessoas em situação de rua gerou sensação de insegurança entre moradores da região, que chegaram a discutir com um dos atendidos na última sexta-feira (4), durante um protesto. Faixas e cartazes afixados nos portões do novo serviço foram arrancados por frequentadores do local.
O serviço é mantido pela Seaso (Secretaria Municipal de Assistência Social) e oferece alimentação, higiene e encaminhamentos sociais. Segundo a Prefeitura, a escolha do endereço atendeu a uma recomendação do Ministério Público, que solicitou a instalação da unidade em área de maior concentração e circulação de pessoas em situação de rua, o que se aplica à região central. O apontamento foi feito com base em um mapa de calor elaborado por aplicativo utilizado pelas equipes de Abordagem Social, que registram atendimentos em tempo real e diretamente no local.
Outra mudança envolve a alimentação: a partir de agora, será feita gratuitamente nos Restaurantes Populares da cidade, mediante apresentação de voucher emitido pela administração do Centro Pop. Atualmente, as refeições são servidas dentro da unidade, mas com a alteração, os usuários passarão a se alimentar em um dos quatro restaurantes populares, localizados na região central e nos bairros Cascavel Velho, Santa Cruz e Floresta.
Segurança municipal apresenta balanço do primeiro semestre
Em meio às reclamações sobre o Centro Pop, a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção à Comunidade divulgou o balanço das ações realizadas no primeiro semestre deste ano. A principal frente da pasta foi o combate à criminalidade. A apresentação ocorreu antes da sessão da Câmara de Vereadores, ontem (7).
Segundo o balanço operacional, as ações resultaram na abordagem de 9.376 pessoas, na apreensão de aproximadamente 1.987 objetos perfurocortantes e de 2.343 instrumentos usados para consumo de drogas. Os agentes também recuperaram 72 veículos e realizaram 913 encaminhamentos à delegacia. Os dados são das operações Blindagem, Resgate e de ações pontuais em bairros com maior incidência de ocorrências.
Para o secretário de Segurança Pública, coronel Lee, a presença constante dos guardas municipais e patrimoniais nas ruas tem garantido respostas rápidas e eficazes. “Na segurança pública não existe mágica: existe presença, estratégia e firmeza. Os números mostram que nossas ações têm dado resultados concretos, e as pessoas já estão sentindo isso nas ruas, com menos criminalidade e mais sensação de segurança”, afirmou.
Lee destacou que o alto número de objetos cortantes e cachimbos apreendidos mostra que o patrulhamento ostensivo também impacta diretamente no enfrentamento ao tráfico e ao consumo de drogas. “Cada item apreendido ou recuperado representa um crime frustrado. Cada abordagem realizada interrompe o ciclo do tráfico e da violência. Seguimos atentos e firmes, cumprindo nosso compromisso com a população”, disse.