RIO – Cidade histórica famosa pelas festas religiosas e pelos eventos culturais, como a Festa Literária Internacional de Paraty ? Flip e dois concorridos festivais de música, o Mimo e o Bourbon Jazz Festival, Paraty tem uma longa e tradicional relação com a música.
A instituição cultural mais antiga da cidade é uma banda, a Santa Cecília, da qual até o atual prefeito, Carlos José Gama Miranda, o Casé, é integrante (ele toca saxofone). Criada em 1954, hoje com 17 membros, ela já há muito tempo necessitava de uma sede própria, que servisse como sala de ensaios e onde pudessem ser guardados instrumentos, fotos antigas e partituras (algumas delas remontam ao século XIX).
Na última sexta-feira, a cidade ganhou esse local, com a inauguração da Casa da Música. A construção de 300 m² fica no Centro Histórico e é contígua à Casa da Cultura, uma referência na cidade, que será responsável por sua gestão.
? Trata-se de uma valorização do patrimônio imaterial da cidade, muito importante do ponto de vista da preservação das nossas tradições ? diz Cristina Maseda, secretária de Cultura de Paraty. ? Além disso, vai ampliar o programa educativo de música, que passa a ter mais duas salas na Casa da Música (a Casa da Cultura já oferecia uma sala para a prática).
SANTA CECÍLIA TEM INTEGRANTE ORIGINAL
Atual presidente da banda, na qual há 30 anos toca bombardino, Nildo de Oliveira, 46 anos, se ressentia da falta de um local adequado às necessidades do grupo. Agora, prevê planos para a sede:
? O mais legal é que com esse espaço podemos fazer uma exposição permanente do nosso acervo.
Oliveira nota que, apesar de ter sido criada há 62 anos, a Sociedade Musical Santa Cecília (nome oficial da agremiação, que teria resultado de outras duas bandas, fundadas no século XIX) ainda tem um de seus integrantes originais como uma memória viva de sua formação ? José Plínio Rubem, 82 anos, aposentou-se como músico em 2014, mas ainda faz ?participações especiais? em algumas apresentações. O mesmo acontece com o prefeito, ?licenciado? da música enquanto administra a cidade.
Patrimônio e revitalização
A construção que agora sedia a Casa da Música estava bem danificada quando a prefeitura de Paraty procurou a Fundação Roberto Marinho sugerindo o restauro do imóvel. Havia uma reivindicação dos paratienses por uma maior oferta de cursos, provocada pela extensa programação da Casa da Cultura ? só o Programa Educativo de Música e Artes, com ramificações em outras regiões da cidade, oferece educação musical a mais de mil moradores, 80% deles crianças e jovens.
? Reagimos muito positivamente à iniciativa da prefeitura, porque conseguimos atender a demanda da população por mais um espaço cultural, respeitar a vocação da casa e restaurar um patrimônio histórico degradado ? observa Flavia Constant, gerente de Desenvolvimento Institucional da fundação. ? Este é um dos primeiros projetos em que a Fundação Roberto Marinho não se concentra apenas no restauro do patrimônio, mas entende que também tem que revitalizar o uso.
A Casa da Música é uma iniciativa da prefeitura de Paraty, que contou com o patrocínio do Grupo Globo e o apoio da Comunitas (instituição voltada ao suporte da gestão de prefeitos) e da Fundação Roberto Marinho. Esta entrou com o projeto técnico de restauro e a sinalização da casa. O imóvel tem duas salas de aula com isolamento acústico, um ambiente de leitura com acervo sobre música e uma sala para a Banda Santa Cecília, com entrada independente e um mezanino com acesso exclusivo.