Cotidiano

?Calendário do 1º semestre da Uerj está totalmente comprometido?, diz reitor

RIO – Em meio ao caos que vive a educação do estado, onde, ao todo, 79 escolas já foram ocupadas desde o dia 21 de março, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) completa nesta terça-feira três meses de greve, sem previsão de retorno. Com salários atrasados há seis meses, funcionários terceirizados cruzaram os braços em uma paralisação unificada com professores e estudantes, com o intuito de pressionar o governo, que não realizou nenhum repasse à universidade neste ano.

— O calendário 2016.1 (primeiro semestre) da Uerj está totalmente comprometido. É realmente é muito preocupante que a gente tenha perdido de março até junho, sendo que ainda somos obrigados a parar do dia 5 ao dia 21 de agosto, por causa das Olimpíadas — afirmou o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques. 

Por mais extensa que seja, a greve, contudo, não é o único motivo pelo qual a universidade está paralisada. Segundo o reitor, a regularização dos pagamentos do estado é fundamental para a retomada das atividades acadêmicas:

— Mesmo que a greve acabe hoje, a universidade não tem condições de funcionar se não regularizarmos a situação das funcionário terceirizados. A Uerj depende desse tipo de serviço e, por isso, não tem como retomar suas atividades — explicou.

Há cerca de um ano, a falta regularização dos de serviços terceirizados fez com que a paisagem da universidade fosse composta por sacos de lixo espalhados nos corredores, banheiros sem um mínimo de higienização, com pilhas de papel higiênico com mais de um metro, quando não interditados. Hoje, soma-se à situação o Restaurante Universitário, fechado por falta de pagamento, e os elevadores, sem ascensoristas para guiá-los. Com todo o financiamento de custeio da universidade congelado, o reitor classifica a situação como “dramática”.

— É a pior crise que a Uerj já enfrentou em seus 65 anos de história — afirmou.

Aos 22 anos, Karina Santos é, além de aluna do 5º período da Faculdade de Comunicação Social da Uerj, delegada do comando de greve dos estudantes.

— Desde 2015, a situação dos pagamentos não é regularizada. As bolsas atrasam um mês, caíam atrasada. Mas, até então, caía. Agora, já tem dois meses que os alunos de graduação não recebem bolsa — conta a estudante, que acrescenta: — Nós, enquanto estudantes, abraçamos a pauta dos terceirizados, porque são pessoas que contribuíram muito tempo para que nós pudéssemos frequentar o espaço. Não é apenas pelos alunos: é pelos trabalhadores, é pela universidade — conclui.

Para Lia Rocha, professora do Departamento de Sociologia e presidente da Associação do Docentes da Uerj, o orçamento da universidade está sendo desrespeitado.

— Mesmo se quiséssemos sair da greve, não poderíamos, pois não teríamos condições de trabalhar. O governo está dando um calote na Uerj — disse.

Segundo a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável pela Uerj, o plano de emergência para conter a crise da Uerj prevê um orçamento de R$ 12 milhões por mês, para que a universidade possa se manter. Apesar de já ter sido discutida com o secretário da pasta e com o governador em exercício Francisco Dornelles, porém, o repasse da quantia ainda não foi confirmado.

Está previsto ainda para esta semana, uma reunião entre o reitor, e os secretários da Ciência e Tecnologia e da Fazenda, para discutir a situação da Uerj.

* Estagiária sob supervisão de Leila Youssef.