CARACAS – Ex-chefes de governo e representantes do governo venezuelano, do Vaticano e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) se reuniram em Caracas na noite de domingo para tentar iniciar um cronograma de diálogo político com a oposição. Apesar de um encontro interno para definir os temas de discussão com o chavismo, opositores não apareceram até o momento. Quinze partidos da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) haviam expressado no sábado que não viam condições de diálogo.
A chanceler Delcy Rodríguez e os dirigentes chavistas Jorge Rodríguez e Elías Jaua foram os primeiros a chegar no encontro, previsto desde a semana retrasada. O secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, também foi, assim como os ex-presidentes de governo José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha, mediador das conversas) e Martín Torrijos (Panamá) e o núncio apostólico Aldo Giordano.
A MUD fez uma reunião interna no domingo para definir as estratégias de diálogo, mas seus principais representantes saíram sem explicar se houve consenso e se iriam à mesa de diálogo.
A Igreja Católica na Venezuela pedira ao governo do presidente Nicolás Maduro e à oposição para respeitarem o compromisso de se reunirem para darem início a um diálogo que evite uma ?espiral de violência? no país. Em comunicado, a Conferência Espicopal Venezuelana pediu para as partes ?repeitarem o compromisso de iniciar conversações no dia 30 de outubro, com o acompanhamento do representante da Santa Sé enviado, a fim de evitar uma espiral de violência que some um maior sofrimento ao nosso povo amado?.
?É apenas com o caminho do diálogo com repeito à Constituição e às leis, e não o da confrontação perene, que pode nos permitir encontrar alternativas de solução?, diz o comunicado.
Pelo Twitter, o governador do estado de Miranda e líder da oposição Henrique Capriles confirmou neste domingo participação na reunião.
“Nós acreditamos, respeitamos e valorizamos o Papa Francisco e qualquer chamado do Vaticano lá estaremos”, disse Capriles.
Já o secretário-executivo da MUD, Jesés Torrealba, disse que representantes dos partidos da aliança participariam da reunião, apesar do “ceticismo e desconfiança”.
“A agenda é clara: solução eleitoral, libertação dos presos políticos e retorno dos exilados, assistência às vítimas da crise humanitária e o respeito à Assembleia Nacional. Deste encontro pode haver conclusões importantes que irão ‘desescalar’ o conflito”, afirmou Torrealba num comunicado divulgado pela MUD.