Preço Alimentos

Inflação dos alimentos não é culpa do produtor, diz FAEP

Inflação dos alimentos não é culpa do produtor, diz FAEP

Enquanto o mercado se “organiza” externamente com as ações do Governo Trump, internamente o Brasil também precisa se “reorganizar” com o recente pacote de medidas anunciadas pelo Governo Lula para conter o preço dos alimentos, anúncio que não foi bem recebido pelo setor produtivo. A FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), se pronunciou sobre a proposta apresentada pelo governo federal. Em nota, a federação afirma que a insistente proposta do governo federal de zerar a tarifa de importação de itens como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva, para supostamente conter a inflação dos alimentos no Brasil, é um tratamento paliativo ineficaz para um problema estrutural. “Além de não resolver a questão, ainda cria outras dificuldades para a economia do País”.

Para o presidente interino da FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, o Brasil não pode insistir em soluções ultrapassadas para problemas crônicos. “Transferir o ônus da inflação para o setor produtivo é um equívoco que compromete um dos pilares da economia nacional. O agronegócio gera empregos, movimenta a economia e mantém nossa balança comercial positiva. Enfraquecer esse setor com políticas equivocadas significa comprometer o futuro do País. O produtor rural não é o culpado pela inflação dos alimentos”.

Produtor prejudicado

O Sistema FAEP já havia se posicionado contra a redução das alíquotas de importação em janeiro, alertando que tais medidas ignoram as dificuldades econômicas do País e oneram o produtor rural. “O alto preço dos alimentos é consequência dos custos de produção elevados e do chamado “Custo Brasil”, não de margens abusivas de lucro por parte das indústrias ou agricultores”.

Em fevereiro, o Instituto Pensar Agropecuária, do qual o Sistema FAEP integra o Conselho Executivo, enviou à Frente Parlamentar da Agropecuária um documento com sugestões de curto, médio e longo prazos para combater a inflação dos alimentos sem prejudicar o setor produtivo. No texto, o instituto também condena a taxação de exportações e subsídios indiscriminados às importações, medidas que podem desestimular a produção agropecuária, reduzir investimentos no setor e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor.

“O Brasil precisa de um Estado mais eficiente, que reduza seus gastos e promova um ambiente favorável à produção agropecuária. Somente assim garantiremos previsibilidade ao setor, fortaleceremos a economia e daremos condições para que o agronegócio continue a contribuir com eficiência e sustentabilidade para o desenvolvimento do país”, concluiu o presidente interino da FAEP.

FPA refuta novo pacote de Lula

As medidas anunciadas pelo governo com o propósito de conter as altas dos alimentos também, foram refutadas pela FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária). A entidade aponta desequilíbrio fiscal e aproveita para chamar a atenção sobre a adoção de políticas estruturante para o agronegócio. No entendimento da FPA, a redução mais eficiente para combater a inflação de alimentos é a colheita da safra brasileira que ocorre nos próximos meses e a correção de ações que impactam diretamente o custo de produção no Brasil.

Em nota, a FPA chama a atenção para alguns pontos importantes. Para a entidade, o problema da inflação não é a oferta de alimentos. “O governo federal tenta criar a narrativa de buscar soluções. O problema está concentrado no seu próprio desequilíbrio fiscal, responsável por onerar os custos e alavancar a inflação”. E mais: “⁠As medidas apresentadas pelo governo federal são pontuais e ineficazes para efeito imediato, especialmente quando se gasta recurso interno ao zerar impostos para produtos importados, sem garantir o reforço ao apoio da produção brasileira”.

⁠A Frente Parlamentar da Agropecuária ressalta a necessidade de iniciar as tratativas do novo Plano Safra 25/26, com a garantia de implantação total de recursos, do acesso pleno e com juros adequados aos produtores rurais brasileiros. “Aguardamos ainda um retorno do governo federal sobre as medidas estruturantes de curto e médio prazo apresentadas pela FPA, em conjunto com o setor produtivo nacional, na última sexta-feira (28), ao Ministério da Fazenda e à Casa Civil”, encerra a nota.

Para grande parte do setor produtivo, as medidas são inócuas, como por exemplo, baixar o imposto de importação. O próprio Ministério da Agricultura já admitiu que o impacto na renúncia fiscal será módico, diante do volume pequeno de importação. Isso sem contar da concorrência desleal para a entrada de produtos sem impostos.

Outro ponto: o governo afirmou que pedirá aos estados para reduzir o imposto dos produtos da cesta básica. Isso já é feito por grande parte dos estados, inclusive o Paraná.

Farsul e CNA: “Medidas inócuas”

O 2º vice-presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Gedeão Silveira Pereira, classificou de inócuas as medidas anunciadas pelo governo federal para tentar diminuir os preços dos alimentos. “O Brasil é o maior produtor global de boa parte desses produtos. O país é o maior exportador mundial de carne bovina, maior exportador de carne de aves, um grande exportador de carne suína, maior exportador de café, maior exportador de açúcar e um grande exportador de milho. Se somos grandes exportadores, é porque nossos preços são muito competitivos, o que indica que temos preços muito razoáveis no mercado interno”, apontou.