Neste ano a região do município de Iracema do Oeste ficou mais de 50 dias sem chuvas consideráveis, entre março e maio, justamente quando o milho safrinha precisava de água para se desenvolver.
Mesmo assim, alguns produtores conseguiram manter a produtividade da lavoura. Santo Pires Brito, por exemplo, deve colher até 250 sacas de milho por alqueire. A confirmação desse resultado deve colocar a propriedade do agricultor entre as mais produtivas do município, mesmo em um ano de estiagem.
Para ele, o que salvou a lavoura foi o consórcio do milho com a braquiária, uma técnica difundida na região pelos extensionistas do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater).
Brito começou a se interessar pelo consórcio do milho safrinha com a Brachiaria ruziziensis há uns quatro anos, quando participou de um dia de campo promovido pelo IDR-Paraná. Na ocasião o agricultor vinha enfrentando problemas com as ervas daninhas. Antes de plantar o milho, Brito costumava deixar as áreas com mato. No entanto, aos poucos nem mesmo os herbicidas se mostraram capazes de controlar a buva e o capim amargoso. Brito viu na braquiária a possibilidade de ter uma cobertura vegetal de fácil manejo que pudesse ser consorciada com o milho safrinha.
REFERÊNCIA – Há dois anos os 18,15 hectares da propriedade de Brito são cultivados com o consórcio. A implantação foi feita com a orientação do extensionista Claudemir Todescatt que alerta que é preciso técnica para que a prática dê os resultados esperados.
Segundo Todescatt, um dos efeitos do consórcio é que depois que a braquiária ocupa a área as ervas daninhas não têm acesso à luz do sol, necessária para a germinação de suas sementes. “A cada ano diminui a infestação da buva e do capim amargoso na área com o consórcio. Em quatro anos podemos ter um ambiente mais equilibrado e sem problema com ervas daninhas”, disse Todescatt. Ele lembra que é preciso fazer a aplicação de herbicida no momento adequado para que a braquiária forme uma cobertura sobre o solo e não concorra com o milho.
A propriedade de Santo Brito hoje é uma Unidade de Referência do Projeto Grãos, do IDR-Paraná, na região Oeste. Em 2019, primeiro ano do consórcio, o produtor colheu 305 sacas de milho safrinha por alqueire. O clima ajudou e a lavoura se desenvolveu bem. Mas o produtor está satisfeito com a produtividade deste ano. A estiagem reduziu o tamanho das espigas, mas como o solo estava bem estruturado e com um bom teor de matéria orgânica, a perda foi pequena. Enquanto algumas lavouras no município renderam 42 sacas por alqueire, Brito mantém a expectativa de uma produtividade entre 200 e 250 sacas por alqueire.
Claudemir Luis Todescatt lembra que a braquiária contribui para a ciclagem de nutrientes e protege o solo quando há chuvas fortes. Além disso, ele observa que poucas plantas cobrem uma área rapidamente, já que a braquiária tem um crescimento horizontal. Além disso, a planta ainda diminui a temperatura do solo no verão e evita a perda de umidade do solo.
O extensionista aponta outras vantagens do consórcio. “Como a braquiária não tem talo, a planta não dificulta a colheita mecânica. E depois que se aplica o herbicida na lavoura, a raiz da braquiária se transforma num canal para levar água para o solo”, afirmou.