Ao chegarmos a Dois Vizinhos, terra que nos acolheu desde 2008, deparamo-nos com o compartilhamento de um sonho que já vinha sendo sonhado pela gestão e professores já atuantes no câmpus local da UTFPR. Esse sonho vinha ao encontro das necessidades diversas da região, desde a produção sustentável de produtos florestais diversos até a conservação dos recursos naturais existentes, de forma a potencializar os serviços ecossistêmicos prestados à sociedade.
Com alguns colegas, passamos a trabalhar colocando no papel como seria esse nosso sonho, que a partir de então passava a ganhar forma. Elaborado o projeto, em sua versão inicial, ouvimos a sociedade regional e também diversos líderes nacionais da área. Precisávamos ter uma garantia (ou ao menos uma indicação) de que estávamos no caminho certo.
Feito isso, a aprovação dos conselhos superiores da UTFPR foi o passo seguinte, o que foi conseguido após algumas idas e vindas do projeto, em que contamos com a perspicácia dos nossos gestores, buscando um entendimento entre os gestores maiores e conselheiros.
Pairavam dúvidas: era uma engenharia “clássica”? Era similar à agronomia? Era similar à engenharia ambiental? Após respondermos, justificadamente, vários “nãos” e alguns “sins”, o projeto foi aprovado pela UTFPR e autorizado o primeiro vestibular, ainda praticado pela UTFPR, na época, o qual foi, acertadamente, substituído pelo sistema de seleção baseado no Enem/Sisu do MEC, alguns anos depois, trazendo alunos de todo o Brasil para o curso.
Os desafios enfrentados por (ainda jovens) professores foram imensos na busca de estruturação necessária do curso para a primeira turma (que começou seus estudos em 04/08/08) e todas as subsequentes. Esse trabalho tive o prazer (e um desafio de suar frio) de participar ativamente, tendo a honra de ter sido o primeiro coordenador desse curso que completa dez anos.
Com o passar dos anos, novos alunos chegavam a cada semestre, assim como mais professores e o time ia ficando completo. A cada novo aluno, a cada novo professor, a cada novo colaborador técnico administrativo trabalhando em prol do curso, a cada novo equipamento adquirido, a cada novo laboratório ou unidade de pesquisa e extensão criada, a cada novo projeto de pesquisa e extensão aprovado, o curso ia crescendo.
Em 2013, após cinco anos da criação, um novo desafio, já previsto, a formatura da primeira turma, ocorreu com sucesso, quando colocamos à disposição da sociedade os primeiros 23 engenheiros florestais formados no curso. Chegando em 2018, já formamos 204 engenheiros florestais, os quais estão em atuação em diferentes setores da sociedade e em diversos lugares do Brasil.
Ainda em 2009 tivemos a percepção que algo faltava para nos conectarmos aos profissionais já atuantes no Estado do Paraná e que, após a entrada no mercado dos profissionais formados pela UTFPR, seria uma boa forma de nos mantermos antenados às mudanças no dinâmico mercado de trabalho.
Apesar dos projetos de pesquisa e extensão em realização fora da UTFPR, ainda era também importante uma forma de cada profissional formado ter um elo com os ex-colegas de universidade, agora colegas de profissão. Com base nisso, um grupo de engenheiros florestais atuantes no Paraná criou a Aefos/PR (Associação dos Engenheiros Florestais do Oeste e Sudoeste do Paraná), a qual vem desempenhando o papel de agregar os profissionais, principalmente das regiões oeste e sudoeste, em torno de objetivos comuns representativos da profissão.
É notável que as bases estão lançadas para que sigamos firme em uma profissão solidamente construída com histórico mundial, nacional e regional. Fato é que o curso tem se posicionado entre os dez melhores do País nas avaliações do MEC. É fato que os melhores engenheiros florestais estão à disposição da sociedade para os melhores projetos de desenvolvimento sustentável.
Eleandro José Brun é engenheiro florestal, doutor professor da UTFPR e presidente da Aefos/PR – [email protected]