Cascavel e Paraná - Quando o mundo olhou para a ascensão meteórica de países como Coreia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan, uma expressão passou a definir esse fenômeno: Tigres Asiáticos. Economias que, em poucas décadas, saíram da estagnação para se tornarem potências globais, impulsionadas por inovação, produtividade e ousadia. No Brasil, essa transformação silenciosa e constante também acontece – e tem nome e endereço: o Oeste do Paraná. Só que aqui, a potência tem garras de onça.
O paralelo não é exagerado. Assim como os Tigres Asiáticos apostaram em educação, tecnologia, industrialização e exportações para mudar seu destino, o Oeste do Paraná tem trilhado um caminho semelhante. A diferença é que, ao invés do olhar do mundo, essa revolução tem acontecido com a força de quem acredita em si mesmo – mesmo longe dos holofotes.
A região é uma locomotiva do agronegócio, da agroindústria e da inovação no campo. Cooperativas modernas, produtores conectados à tecnologia, uma construção civil que cresce com qualidade e ousadia, e um comércio cada vez mais fortalecido.
Mas o espírito da onça vai além da economia. Assim como os Tigres Asiáticos transformaram a identidade de suas nações, o Oeste do Paraná moldou uma nova forma de pensar e agir. Aqui se cultiva o orgulho de pertencer, a cultura da excelência e a coragem de romper fronteiras. Uma região que acredita que o interior pode – e deve – ser protagonista.
Em um Brasil de contrastes, o Oeste se destaca por ser estratégico, resiliente e vibrante. Se os asiáticos têm seus tigres, o Brasil tem sua onça. E ela vive, forte e confiante, no Oeste do Paraná.
“Cascavel é onça e não cobra”
Quem apresentou a onça como referência às cidades com maiores potenciais de crescimento foi Eduardo Luvison, sócio-regional de uma plataforma de investimentos com atuação em cinco estados brasileiros e também em Portugal, nesta semana, durante um evento que reuniu profissionais do segmento imobiliário em Cascavel. O conceito de ‘cidades-onça’ ou ‘regiões-onça’ tem sido utilizado para balizar a tomada de decisões estratégicas pela alta cúpula de empresas do segmento financeiro.
Com o PIB brasileiro e a construção civil tendo crescido acima do projeto pelo mercado no início de 2025, o especialista afirmou que “a fotografia do Brasil é boa” – mesmo diante da maior taxa Selic dos últimos 20 anos e da guerra tarifária que assombra a economia, os números mostram que é possível olhar com otimismo, principalmente da ótica imobiliário, que detém investimentos conservadores que estão sempre no topo do ranking da escolha de quem vai investir.
“O brasileiro compra imóveis na alegria e na tristeza, na crise e na bonança”, disse Eduardo, ao exibir cifras de R$1,5 bilhão de estoque de imóveis disponíveis em Cascavel atualmente – suficientes apenas para 12 meses de procura, enquanto que um cenário considerado saudável deve garantir 15 meses.
Demanda alta, baixo estoque e aumento do custo de construção impulsionam o valor do metro quadrado. Para se ter uma ideia, o valor de m2 residencial em 2025 no Brasil é de R$9,3 mil enquanto que em 2024 era de R$8,7 mil e em Cascavel os valores são de R$10,2 mil e R$9,3 mil respectivamente em 2025 e 2024.
“Tempo de qualidade”? Vendido!
No início deste mês, uma construtora de Cascavel vendeu 70% das unidades de um prédio de 72 apartamentos em apenas dois dias. O sucesso do lançamento de padrão intermediário com valor médio de R$420 mil tem explicação: Cascavel oferece tempo de qualidade para os moradores e está recebendo um enorme fluxo migratório.
Ao circular pelas ruas centrais da cidade e observar o alto número de construções verticais, é comum pensar que ‘não tem gente para comprar todos estes apartamentos’ – saiba que a maior parte deles já está vendida!
“De cada dez outdoors, quatro são do mercado imobiliário. Isso dá a impressão de que tem mais empreendimentos ainda”, explicou o organizador do evento, Eduardo Serralheiro, que ainda provocou aqueles que consideram os números otimistas demais: “Por que, então, um fundo investidor coloca mais de R$1 bilhão na construção local e um cliente não iria investir R$500 mil?”. A fala do empresário refere-se às recentes alianças feitas entre incorporadoras e grandes fundos investidores.
Tem bolha aqui?
Na abertura das apresentações, o prefeito em exercício, Henrique Mecabô, revelou que o alto escalão da administração municipal e ele chegam a se questionar se tem alguma ‘bolha invisível’ se formando em Cascavel, diante da grandiosidade dos negócios imobiliários que saem do papel mês após mês – mas quando vê a capital do Oeste sendo citada nominalmente por bancos internacionais, entende que é realmente uma terra diferenciada.
Cascavel tem um aumento médio anual de 12 mil habitantes e esta é uma das explicações para o déficit habitacional, apresentada por quem esteve à frente da Companhia Municipal de Habitação (Cohavel) e acabou de assumir a presidência do Instituto de Planejamento de Cascavel (IPC), o engenheiro civil Vinicius Boza.
Em 2024, foram construídas 4.612 unidades e foram emitidos alvarás para a construção de 979.430,87 m2. Já em relação ao parcelamento – que é o processo de dividir um terreno em lotes menores, destinados à construção – em 2023 foram aprovados seis loteamentos e um condomínio e de 2024 até agora foram mais cinco loteamentos e oito condomínios de lotes, contribuindo para uma expressiva expansão do perímetro urbano da cidade. Atualmente são oito loteamentos e dez condomínios de lotes com obras em andamento e outros 29 projetos de loteamentos e mais 29 de condomínios estão em fase de aprovação.
Em relação à projeção populacional, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que Cascavel chegue a 500 mil habitantes em 2050, enquanto que as projeções locais, feitas por quem conhece toda a pujança da terra da serpente (e agora também da onça), estima que este número seja atingido já em 2040.
Mesmo com a última revisão da expansão urbana, Cascavel utiliza apenas 8,17% da área do município, enquanto que Londrina utiliza 13%, Maringá 27% e Curitiba 100% da área. Se ainda vamos crescer? Pode ter certeza que sim.
Segundo Boza, todo este crescimento precisa ser organizado, por isso a questão viária e de liberação de alvarás visa incentivar os moradores a não saírem de seus bairros, evitando um trânsito caótico na região central. Outra preocupação é com a malha cicloviária, que tem 17,3 quilômetros projetados, diante dos 35,5 km que já foram implantados e outros 16,1 km que estão em execução num projeto que visa integrar todas as regiões da cidade com faixas seguras para a circulação de bicicletas e patinetes.
Cascavel ainda mais valorizada
Outros especialistas expuseram os seguintes dados em relação aos imóveis, no segmento ‘mais rentáveis’ dos últimos três anos: Na região central, a valorização de imóveis comerciais foi de quase 70%, enquanto que apartamentos no country valorizaram cerca de 60%. Parque Verde, Cancelli e Pioneiros Catarinenses também aparecem no ‘top cinco’ dos mais valorizados com imóveis residenciais.
Cerca de 90% dos negócios relacionados ao mercado imobiliário local utilizam a mesma ferramenta de divulgação e gerenciamento, o que torna possível mapear informações – como a de que Cascavel registrou mais de 35 lançamentos imobiliários somente nos primeiros seis meses deste ano e que há alta liquidez de imóveis na faixa de R$ 700 mil a R$900 mil – apresentando um volume expressivo de vendas em relação ao estoque disponível. Na parte de baixo da tabela, há baixíssima disponibilidade de imóveis abaixo de R$300 mil.
Crescimento consistente
Os especialistas apontaram que Cascavel vive um ciclo de crescimento consistente, sustentado por indicadores econômicos positivos, pela chegada de novos empreendimentos e pelo aumento da procura por moradia de qualidade. O evento também destacou a importância da qualificação profissional e da inovação em processos construtivos para acompanhar o ritmo da cidade.
Ao final, o tom foi de otimismo: com planejamento e cooperação entre os setores público e privado, Cascavel segue em ritmo acelerado de crescimento — e o mercado imobiliário tem papel central nesse desenvolvimento.