Alunos do Instituto Reação comemoram a vitória de Rafaela Silva
RIO – “Pessoal que viu meu sofrimento diariamente sabe como eu gosto de treinar”. Foi o que disse Rafaela Silva, ainda no tatame, pouco depois da conquista da primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio. O pessoal a que se referiu não estava tão longe. Mas em frente à TV, no Instituto Reação, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Adultos e crianças explodiam de alegira. Afinal, foi ali onde tudo começou para Rafaela.
Grávida de quase nove meses, Daniele Ferreira começou no judô com Rafaela.
– Acho que a emoção é maior porque a gente sabe da trajetória dela. De onde veio, tudo que teve que passar pra chegar até aqui – disse.
Márcio Ramalho, treinador das crianças do Instituto Reação que tem duas atletas panamericanas no seu time, disse que Rafaela é “um tremendo exemplo” para os pequenos.
– Para eles verem onde o judô pode levá-los. Eles têm toda as condições que a Rafaela teve. Hoje, até melhores do que quando ela começou – falou.
Mateus Guimarães tem 11 anos e é faixa laranja. Ele quer ser atleta olímpico como Rafaela.
– Ela treina que nem a gente todo dia. Acho que qualquer um de nós pode chegar lá.
Daniel de Aquino Moreira também faz parte da equipe que treina Rafael. Ele diz conseguir ver que ela está tranquila.
– A gente está mais nervoso do que ela. Ela tá muito bem. Das últimas vezes que lutou aqui ela ganhou. O ar daqui faz bem pra ela – disse.
Rafaela Silva e a conquista do ouro
Rosana Graça, que trabalha na administração do instituto, conhece Rafaela desde que ela tinha 7 anos.
– Ela sempre foi muito levada, brigona. Gostava de soltar pipa e jogar bola. O pai queria que ela colocasse essa força no judô. O Geraldo Bernardes, treinador dela até hoje, dizia: “vou te colocar na Olimpíada”. E ela dizia “Que Olimpíada”?
Foi no Instituto Reação que o talento de Rafaela começou a ser lapidado, aos 7 anos. Naquela época, o instituto ainda era a academia de judô Geraldo Bernardes. Ganhou o nome atual quando a academia se uniu à ONG do judoca Flávio Canto, que dava aula no Criança Futuro, em Curicica.
Em 2008, foi campeã mundial júnior (sub-20). Três anos depois, no Mundial de Paris, acabou perdendo aquela final contra a japonesa Aiko Sato. Com apenas 20 anos, foi à sua primeira Olimpíada, em Londres-2012, e quase decidiu encerrar a carreira após o fracasso.
Amadeu Moura, supervisor da Rafaela no Reação e na seleção, disse após a vitória
– A Rafa tem um espírito de guerreira. É diferenciada. Seu Geraldo, que é o treinador dela desde sempre, diz que o campeão já nasce campeão. Numa Olimpíada, não basta ter técnica, tem que ter espírito porrador, de guerreiro. E a Rafa tem tudo isso.