Cotidiano

Motorista alcoolizado atropela criança de dois anos e gera revolta na população

Assim como estava previsto anteriormente, as exportações, as operações com energia elétrica e com telecomunicações estão isentas do IS
Assim como estava previsto anteriormente, as exportações, as operações com energia elétrica e com telecomunicações estão isentas do IS

Cascavel – Um fato ocorrido no início da noite do último domingo (3) deixou mais um alerta para a “irresponsabilidade” de muitos motoristas que insistem em combinar “álcool + direção”. Um homem de 42 anos estava trafegando pela Rua Albert Einstein quando, ao acessar a Rua dos Pássaros, no Bairro Interlagos, atropelou uma criança de apenas dois anos e dez meses e fugiu sem prestar socorro. Na sequência ele foi detido por moradores e agredido.

Pela a imagem de uma câmera de segurança, é possível observar quando o condutor acessar a rua, tenta frear, mas atinge a criança que estava próxima da calçada brincando em uma triciclo infantil. A criança chegou a ficar embaixo do carro e, na sequência, socorrida por familiares e levada ao hospital pelos pais. O acidente gerou muita revolta dos vizinhos e moradores próximos que buscaram agir com as próprias mãos.

De acordo com o secretário municipal de Segurança Pública, Pedro Fernandes de Oliveira, a situação só não foi pior, porque uma equipe da Guarda Municipal estava próxima e ao chegar ao local viu que o homem estava sendo espancado e conteve os populares, encaminhando motorista, primeiro para atendimento médico e, na sequência, para a Delegacia da Polícia Civil, aonde se encontra detido.

“Os guardas é que acabaram salvando ele, uma situação de que poderia ter evoluído para algo mais grave, podendo resultar até em morte”, disse o secretário.

Embriagues

O motorista foi submetido ao teste do etilômetro que constatou uma taxa de 0,77 mg/l o que indica, claramente, o estado de embriaguez. Segundo Pedro Fernandes, o motorista vai responder pelo artigo 306 do Código de Trânsito e, ainda, pelo artigo 303, do mesmo código por praticar lesão corporal, com o agravante de sair do local e não prestar socorro, isso se não conseguisse fazê-lo, sem colocar em risco sua integridade física. “Ele deveria ter parado e ter socorrido esta criança. Todas as pessoas sabem do risco de beber e de dirigir, que traz muitos riscos a própria pessoa e a terceiros”, disse.

Para Fernandes, quando o motorista passa pela escola de formação de condutores, aprende essa regra e que, nos dias atuais, existem muitas formas de se locomover com segurança tanto com uso de aplicativos, quanto pelo táxi. Mesmo assim, as pessoas insistem em colocar em risco a sua vida e do próximo, além de refletir diretamente na superlotação do sistema de saúde que, com as vítimas de acidentes, acabam tirando a vaga de outras pessoas que estavam aguardando atendimento.

A reportagem do Jornal O Paraná conversou com a mãe da criança que está acompanhando o menino internado no Hospital Universitário do Oeste do Paraná. A mãe que está bastante abalada, disse que a criança está bem. Passando por uma série de exames, mas que não corre risco, e pede “justiça” para o caso.

1,2 morte/hora

Segundo dados nacionais sobre o tema, no Brasil o consumo de álcool aumentou de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023, mesmo diante de várias campanhas e advertências. Completando 15 anos da Lei Seca, o CISA (Centro de Informação sobre Saúde e Álcool) apresentou um relatório com dados coletados do Ministério da Saúde, sobre os acidentes causados pelo consumo de bebida alcoólica. O documento revelou que, somente em 2021, 10.887 pessoas perderam a vida devido à embriaguez ao volante, resultando em uma média de 1,2 mortes por hora.

O relatório, que concentra dados de dezembro de 2022 a abril de 2023, foi realizado nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. O consumo entre os homens aumentou de 25% para 27,3%, enquanto entre as mulheres o aumento foi de 12,7% para 15,2%. Agora, se compararmos 2010 com 2023, podemos ver que houve um aumento significativo. Principalmente entre as mulheres, de 10,5% para 15,2%, enquanto entre os homens houve estabilidade.

Em relação ao relato de álcool e direção entre a população brasileira, soube-se que também houve um aumento de casos entre 2021 e 2023. “No geral, a proporção da população que relatou dirigir sob efeito de álcool cresceu de 5,4% para 5,9%. Esse aumento foi de 9,7% para 10,1% para homens e de 1,7% para 2,2% para mulheres. No entanto, as taxas de prevalência em 2023 ainda são menores do que em 2011. O que não contradiz a estabilidade observada na última década”, diz o relatório, que também foi analisado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool.

Sem quantidade segura

Para o psiquiatra e presidente do CISA, Arthur Guerra, não existe uma quantidade segura de álcool para se consumir antes de dirigir. “Em pequenas quantidades, o álcool já é capaz de alterar os reflexos do motorista, aumentando o risco de envolvimento em acidentes graves de trânsito, pois causa diminuição da atenção, falsa percepção de velocidade, aumento do tempo de reação, sonolência, redução da visão periférica e outras alterações neuromotoras”, afirmou.

O CISA também publicou a pesquisa “O álcool e a saúde dos brasileiros – Panorama 2023”. Um relatório que revelou a frequência e o consumo de bebidas alcoólicas no país, indicando que 45% dos brasileiros consomem álcool em festas, eventos sociais e até mesmo em casa. Em detalhes, 20% dos entrevistados disseram que bebem uma vez por semana ou a cada quinze dias. Já 14% bebem uma vez por semana ou menos, 7% bebem de duas a quatro vezes por semana e 3% bebem cinco vezes ou mais. Além disso, 25% dos jovens, com idades entre 18 e 24 anos, e 23% dos jovens adultos, com idades entre 25 e 34 anos, indicaram que bebem uma vez por semana ou a cada 15 dias.

Embora a pesquisa tenha revelado que uma grande proporção de brasileiros abusa de bebidas alcoólicas, eles não percebem isso como um problema. A esse respeito, 27% das pessoas dizem que consomem moderadamente e 17% que abusam do álcool. Entretanto, 75% dos consumidores abusivos acreditam que são consumidores moderados.

Foto: Ilustração/ABR