O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã desta quinta-feira (22) da Cúpula do Clima, evento que reúne de forma remota líderes de 40 nações consideradas estratégicas para o combate à crise de mudanças climáticas na Terra.
Em discurso de cerca de três minutos, tempo definido para que cada governante falasse sobre as metas fixadas pelos respectivos países, Bolsonaro disse que o Brasil se compromete em atingir a neutralidade climática até 2050, “antecipando em 10 anos o compromisso anterior”, e que até 2030 o país já deve reduzir pela metade as emissões atuais.
— Entre medidas necessárias, destaco o compromisso em eliminar o desmatamento ilegal até 2030. Com isso, reduziremos em quase 50% nossas emissões — afirmou o presidente.
Bolsonaro disse que o Brasil, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, participa com menos de 1% da emissão de gases de efeito estufa global. O presidente reforçou que o país é “pioneiro na difusão de biocombustíveis renováveis” e que, “no campo, promovemos uma revolução verde a partir da ciência e inovação”.
Declarou que está aberto à cooperação internacional para lidar com o que chamou de “uma tarefa complexa”, dizendo que medidas de controle são “parte da resposta” e voltando a falar em apoio financeiro:
— Diante de desafios financeiros, é fundamental contar com países, empresas, entidades e pessoas dispostas a atuar de maneira imediata na solução desses problemas.
Bolsonaro afirmou ainda que determinou o “fortalecimento dos órgãos florestais”, duplicando recursos de fiscalização. Disse, também, que é preciso “enfrentar os desafios de melhorar a vida de mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia”:
— É a região mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A solução desse paradoxo é condição essencial para o desenvolvimento sustentável da região.
O que é neutralidade climática
Neutralidade climática significa zerar as emissões de carbono, e isso passa, principalmente, pela eliminação de combustíveis fósseis e de outras fontes de emissões de gases de efeito estufa em todos os setores em que isso for possível, como na área de transporte, na geração de energia e na indústria. Em áreas em que a eliminação não seja possível, adota-se medidas de compensação para cada tonelada de CO2 emitida (como o plantio de árvores ou a recuperação de leitos de rios, por exemplo).
Cúpula do Clima
A Cúpula foi aberta pela vice-presidente norte-americana Kamala Harris, que falou brevemente e passou a palavra para o presidente Joe Biden. Ele fez um anúncio ambicioso, prometendo reduzir as emissões de carbono dos Estados Unidos em mais de 50% até 2030 e zerar as emissões até 2050.
— Precisamos agir, e esta Cúpula é o primeiro passo. Países que tomarem decisões positivas agora serão os que conseguirão ter benefícios econômicos do boom energético que vai chegar. Precisamos avançar e rápido para enfrentar esses desafios — disse Biden.
Segundo o Observatório do Clima, a nova meta de Biden é quase o dobro da adotada por Obama para 2025. “A meta do Brasil, para comparação, é manter as emissões líquidas atuais em 2030, emitindo 400 milhões de toneladas a mais que a meta anterior.”