Política

EDITORIAL: Brasileiros cada vez mais armados

A discussão em torno do desarmamento no Brasil se intensificou em 2005, quando, em um referendo, 63% dos brasileiros disseram não ao uso de armas por civis. Passados 13 anos, a discussão em torno do “direito” de andar armado ainda acende paixões e divide opiniões, mas os números surpreendem. Apesar das restrições ao porte e ao uso de armas, o Brasil é hoje o sexto no mundo em quantidade de armas de fogo nas mãos de civis.
Estudo da organização suíça Small Arms Survey revela que há aproximadamente 1 bilhão de armas de fogo no mundo e a maioria delas está em mãos civis – não militares. Segundo o estudo, um total de 85% das armas de fogo legais e ilegais do mundo estão com civis, excedendo em muito o número de armamentos em posse das Forças Armadas modernas e pelos órgãos de segurança pública.
No Brasil, a análise estima que existam cerca de 17,5 milhões de armas legais e ilegais nas mãos da população civil, superando nações que vivem conflitos armados, sejam os urbanos (no México há 16,8 milhões de armas nas ruas) ou os transnacionais (no Iêmen a estimativa aponta 14,9 milhões de armas).
No mundo, os civis detêm 857 milhões de armas e, nesse grupo, inclui também empresas e gangues.
Já o número de armas nos arsenais militares é muito menos impressionante, mostra o documento. Os estoques pertencentes às forças armadas em 177 países continham pelo menos 133 milhões de armas de fogo. Rússia, China, Coreia do Norte, Ucrânia e os EUA combinados têm os maiores estoques de armas pequenas do mundo.
Em um país que mata tanto quanto nações em guerras civis, a explicação agora fica mais clara.