Curitiba – Não bastasse a crise generalizada que tem reduzido o número de empregos formais e aumentado o número de desempregados e de informais, os paranaenses empregados recebem hoje salários 2% menores que os recebidos em 2013. Isso sem considerar as perdas da inflação.
Os números têm como base a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar) Contínua divulgada nessa semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referente ao segundo trimestre deste ano.
Há cinco anos os paranaenses recebiam, em média, R$ 2.386 por mês. No fim do segundo trimestre deste ano (de abril a junho), o salário médio foi de R$ 2.334. A redução está diretamente ligada à crise que se acentuou nos últimos anos: “Não é segredo para ninguém que tivemos uma enxurrada de demissões, fechamento de postos de trabalho e muitas pessoas que só se colocaram no mercado novamente porque aceitaram salários menores do que recebiam. Esses dados são os reflexos da crise que ainda não foi embora”, explica o economista Marcelo Silva Dias.
Já o número de pessoas na força de trabalho no Estado, comparados os períodos, teve um movimento crescente. Considerada a faixa economicamente ativa, com 14 anos ou mais, no segundo trimestre de 2013 elas somavam 5,789 milhões que estavam na força de trabalho, independente se com carteira assinada, trabalhando por conta própria ou funcionário público estatutário.
No fim do segundo trimestre deste ano se observou um leve aumento, alcançando 5,965 milhões de pessoas em todo o Paraná nessas condições.
Ocorre que o indicador mais preocupante da pesquisa diz respeito às pessoas desocupadas, ou consideradas desempregadas e que estão em busca de uma colocação no mercado formal. Ele cresceu 52% entre um período e outro. Em junho de 2013 eram 356 mil pessoas nessas condições e que estavam em busca de emprego, agora elas já somavam 541 mil. Pelo menos 52% delas estão esperando por até um ano pela ocupação e 18% aguardam por até dois anos. “Naquela época [em 2013] vivíamos uma condição de pleno emprego e mais pessoas nem mesmo estavam em busca de trabalho. Com o acirramento da crise mais pessoas se obrigaram a sair em busca de um trabalho formal para ajudar ou bancar as despesas da casa. o dinheiro ficou mais escasso e as pessoas precisaram se virar”, argumenta o economista.
Trabalhar por conta própria virou alternativa
O número de pessoas que trabalham por conta própria também aumentou, reforçando a dificuldade para se colocarem no mercado formal de trabalho. Foram 8% de acréscimo saindo da condição de 1,208 milhão de pessoas nestas funções há cinco anos, para 1,305 milhão agora.
Considerando as pessoas desocupadas, que estão em busca de um emprego e as que estão trabalhando por conta própria, o dado de subtilização da força de trabalho sobe para quase 1,9 milhão de paranaenses considerados economicamente ativos sem um trabalho com carteira assinada. Isso representa 20% dos paranaenses considerados aptos para o mercado formal dos empregos (9,348 milhões). Considerando apenas as pessoas economicamente ativas e que se colocam à disposição do mercado de trabalho (5,965 milhões), esse indicador sobe para 32%. É como se um em cada três pessoas no estado estivesse sem um emprego formal no segundo trimestre deste ano.
O presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), Julio Suzuki Junior, vai além: “Muitas pessoas que não conseguem voltar para o mercado formal seguem para a informalidade. Considerando o aspecto da informalidade, podemos dizer que para cada paranaense ocupado, existe outro tentando sobreviver neste mercado”, reforçou.
Os dados do IBGE indicam que do total de empregados no Paraná no fim do segundo trimestre de 2018, 2.207 milhões tinham carteira assinada e eram empregados de alguém, 622 mil eram funcionários públicos estatutários ou militares e 300 mil eram trabalhadores na função de empregadores.