Saúde

Dengue: Cascavel tem 1ª morte e mais de mil casos em uma semana

Emergência: “Neste momento estamos perdendo a guerra”, disse Miroslau Bailak

mosquito da dengue
A confirmação da dengue ocorreu após investigação do caso junto a SESA/PR e análise de resultados de exames encaminhados ao Lacen

Cascavel – A combinação de chuva e calor dos últimos dias faz com que o mato cresça mais rápido, bem como a quantidade de mosquito aumente consideravelmente, especialmente com a “água parada” no lixo acumulado em quintais de vários pontos da cidade. Este cenário está diretamente ligado ao aumento de casos de dengue em Cascavel. Ontem (21), foi confirmada a primeira morte por dengue na cidade: uma jovem de 29 anos.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Miroslau Bailak, a jovem iniciou com sintomas com quadro febril que, na sequência, piorou e acabou sendo enquadrada como dengue grave associado a um quadro hemorrágico. Ela foi atendida em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), transferida para o Hospital Universitário, porém, infelizmente, faleceu no mesmo dia.

Além da morte da jovem, o cenário se torna ainda pior, visto que apenas da semana passada para esta, foram confirmados mais 1.008 novos casos da doença, consolidando a situação de epidemia de dengue em Cascavel, colocando o setor de saúde em alerta máximo. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado ontem (21), Cascavel saltou de 500 casos confirmados na última passada para 1.508, um aumento de mais de 200%, além de outros 1.408 casos em investigação.

Decreto e lei

O prefeito Leonaldo Paranhos assinou ainda na manhã de ontem (21) o decreto que declara o Município em situação de emergência, documento encaminhado ao Governo do Estado. “Nós temos que diminuir isso o mais rápido possível;isso tem uma consequência, além do desconforto que gera, entope a estrutura pública de saúde, as unidades, as UPAs, e interrompe sequência natural desse tratamento”, alertou Paranhos.

Segundo o prefeito, esta é a “tarefa de casa” de todos os moradores que precisam fazer a sua parte de forma individual, pelo bem coletivo. Ainda pela manhã, foi realizada uma reunião extraordinária da Sala de Inteligência de Arboviroses quando foram definidas ações para o combate ao mosquito, principalmente, com a sanção de uma lei que endurece a fiscalização e a aplicação de multas, aprovada em duas votações esta semana na Câmara Municipal.

O Projeto de Lei nº 5/2024 que estabelece novas regras para o controle de arboviroses, como a febre amarela, a dengue e a chikungunya zika. Com esta lei já em vigor, o próprio agente de endemias poderá multar o morador que não fizer a sua parte e tiver focos do mosquito na sua residência. “Sempre fomos contra a chamada multa, mas se faz necessário nesse momento, porque realmente estamos perdendo a guerra. É um crescimento grave e sério. Os agentes de Endemias vão identificar o local com possível criadouro, fazem a notificação e não existindo o cumprimento será aplicada imediatamente multa, tanto para pessoas físicas como jurídicas”, disse Bailak.

Para o secretário, os agentes de endemias não podem continuar fazendo o trabalho deles enquanto alguns “cidadãos relapsos” estão permitindo que tenhamos criadouro do mosquito e a ideia é “endurecer mesmo as regras” e não admitir mais óbitos. A multa é de R$ 232,00 para pessoas físicas e de R$ 349,00 para pessoas jurídicas, em caso de reincidência, as multas deverão ser aplicadas em dobro.

Casos investigados

De acordo com o diretor da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, Rubens Griep, nos 25 municípios da regional existem ainda outros 14 óbitos em investigação de pacientes que tiveram sintomas muito parecidos, mas que ainda guardam confirmação laboratorial. Essa confirmação também é realizada pelos municípios após a investigação epidemiológica e em seguida, divulgada no boletim estadual.

Atualmente existem cerca de 4 mil casos já confirmados na 10ª Regional de Saúde e mais de 10 mil casos notificados da doença, que são confirmados ou descartados. Sobre a vacina que foi anunciada pelo o Ministério da Saúde, a regional ainda não tem previsão de receber. No Paraná somente os municípios da regional de Foz do Iguaçu e Londrina é que irão receber.

A Secretaria de Saúde do Paraná registrou 8.414 novos casos, 18.960 notificações e confirmou mais um óbito pela doença neste período epidemiológico, que começou a ser monitorado em 30 de julho. O Paraná soma agora 45.930 casos confirmados, 130.107 notificações e 16 mortes.

Foto: Secom