O aedes aegypti um inseto pequeno de tamanho, mas com grande potencial, trouxe muitos estragos para a saúde pública. O resultado do fim do ano epidemiológico 2023/2024 da dengue foi apresentado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (8). A cidade foi a que mais registrou mortes pela doença em todo o estado, totalizando 58 óbitos e 32.326 casos confirmados, na pior epidemia da doença, superando o ano de 2021/2022 que havia sido até então o pior da história com 15 mortes e 13 mil casos.
Para Rozane Campiol, diretora de Vigilância em Saúde da Sesau, o resultado foi um ano catastrófico mesmo depois de um trabalho árduo e o apoio da população. “Executamos um plano de contingência, que foi cumprido em todas as etapas, mas mesmo assim, tiveram muitos casos. Utilizamos por muitas vezes as caçambas em diversas regiões, aplicação do fumacê, mas a epidemia foi bastante intensa”, analisou Campiol.
Segundo ela, neste ano foram reativadas ações de alguns programas como a Escola, Morador e Empresa Nota 10, que serão a partir de agora ainda mais intensificadas para que não haja um cenário novamente parecido com o que teve neste ano. “Vamos replanejar as ações, mas com certeza intensificar para conseguirmos conter a proliferação do mosquito e para que as pessoas possam entender que é necessário fazer a vistoria semanal no seu quintal”, reforçou.
A diretora disse ainda que não se sabe o porquê, mas que o setor da saúde sabe que não ocorrem duas epidemias sequenciais, mas que mesmo assim, existe um planejamento de todo o setor para implementar mais ações, inclusive pensar no atendimento clínico, visto que neste ano o setor de saúde também sofreu com isso, já que teve uma grande procura de pacientes aos serviços tanto de consultas como de internamentos. “Tivemos uma sobrecarga, mas todas as pessoas foram atendidas e ficou claro que é importante a cooperação de todos os órgãos neste trabalho”, salientou.
A partir de agora os números de casos e de mortes zeram e uma nova contagem se inicia. Com as temperaturas mais amenas, clima típico de inverno, a incidência do mosquito cai, assim como a circulação e o número de casos, que é sempre mais intenso com o calor. Mas a diretora lembrou que com a água acumulada, o ovo desenvolve e a doença ressurge, o que sempre traz a preocupação da Sesau que mantém um grande time nas ruas trabalhando no combate deste tipo de doença.
Sorotipos
Campiol salientou ainda que existem quatro sorotipos do vírus da dengue e, em Cascavel circulou este ano os sorotipos 1 e 2. Segundo ela, é importante ressaltar para a população que as pessoas podem pegar a dengue quatro vezes dos sorotipos diferentes. “Se a pessoa pegou a dengue tipo 1, ela já adquiriu imunidade e não vai mais pegar a sorologia do tipo 1, porém está exposta a mais três tipos de vírus”, completou. Ela acredita que neste ano a grande parte da população pegou a dengue do sorotipo 2, já que se observou uma gravidade muito intensa dos casos e com pacientes evoluindo para um quadro clínico mais grave e muito rápido.
Criadouro urbano
Conforme o secretário municipal de Saúde, Miroslau Bailak, no ano epidemiológio passado foram apenas 154 casos confirmados e neste ano um balanço bastante triste, mas lembrou que Cascavel fez parte da faixa ambiental aonde teve o maior desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue. “Isso ocorreu por questões ambientais que foram propícios ao desenvolvimento do mosquito”, explicou.
Ele disse ainda que a gestão fez um grande esforço desde o início e a população respondeu, mas infelizmente acabou sendo insuficiente e acabou mudando o criadouro que passou a ser totalmente mais urbano e no lixo domiciliar e nos lotes baldios, calhas e até dentro das casas. “Temos a vacina para crianças e adolescentes, de 10 a 14 anos, e é importante lembrar que já estamos entrando na fase da aplicação da segunda dose. Precisamos sempre do apoio de toda a comunidade”, finalizou.
No Paraná
Em todo o estado foram 595.732 casos confirmados e 610 mortes em decorrência da dengue. No ranking de casos a cidade de Londrina fechou com 40.552 casos e Cascavel em segundo lugar. No total, foram 397 municípios com confirmações da doença. Apenas Agudos do Sul e Tunas do Paraná, na Região Metropolitana de Curitiba, não tiveram registros – Tunas do Paraná aparecia até a pouco com um caso confirmado, que foi descartado.
Em relação aos óbitos, Cascavel ficou com 58 mortes em primeiro lugar, seguido de Londrina com 52 e em terceiro lugar a vizinha Toledo com 44 mortes. Até o período 2023/2024, o ano epidemiológico 2019/2020 era o que concentrava mais casos, com 227.724, além de 177 óbitos.
No Brasil
De acordo com a última atualização do Painel de Monitoramento de Arboviroses, o país contabiliza 4.961 óbitos confirmados pela doença, sendo que o país se aproxima da marca de 5 mil mortes provocadas pela dengue neste ano. Há ainda 2.161 mortes em investigação e ao longo de todo o ano, foram notificados 6.437.241 casos prováveis de dengue em todo o país, o que leva a uma taxa de letalidade de 0,08.
O coeficiente da doença no Brasil, neste momento, é de 3.170,1 casos para cada 100 mil habitantes. A maioria dos casos foi identificada na faixa etária dos 20 aos 29 anos, seguida pela de 30 a 39 anos, pela de 40 a 49 anos e pela de 50 a 59 anos. Já os grupos menos afetados pela doença são os menores de 1 ano, os com 80 anos ou mais e as crianças de 1 a 4 anos.