Cascavel – O clima de chuvas rápidas, típicas do verão, seguidas de mais sol e calor, contribui – e muito – com a proliferação dos mosquitos, entre eles, o Aedes aegypti transmissor da dengue. E o resultado deste aumento já está refletindo no índice de infestação do mosquito e, consequentemente, no número de casos da doença que está voltando a preocupar as autoridades de saúde de Cascavel.
O índice foi divulgado no fim da tarde de ontem (16), e eleva a cidade para o “risco alto” da doença, com média de 5,6% de infestação, bem acima do 1% preconizado pela a Organização Mundial da Saúde. Em alguns bairros, o índice é ainda bem maior, chegando a 10,2% na região do Lago Municipal, abrangendo os bairros Nova York e Pacaembu, entre outros.
Em segundo lugar, ficou a região do Bairro Santa Felicidade com 8,7%, mesmo índice registrado na região da FAG, Santa Cruz, Paulo Godoy. Foram vistoriados 4.733 imóveis em toda a cidade e encontrados um total de 289 criadouros. O trabalho de levantamento dos agentes foi realizado de segunda-feira (14) a quarta-feira (16).
Aumento de 60%
O relatório de casos também divulgado ontem apontou que Cascavel teve um aumento de 60% nos casos em apenas uma semana, passando de 147 para 236 casos positivos, além de outros 159 que estão em investigação aguardando resultado de exames. Para se ter uma ideia, no último ano epidemiológico, a cidade teve um total de 132 casos, ou seja, número que já foi ultrapassado. O primeiro levantamento de 2022 havia apontado um índice de infestação de 1,5%, mas em algumas localidades chegou a 3,7%.
Clair Wagner, gerente da Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental, disse com os dados do índice de infestação pelos bairros, o setor de endemias vai programar ações específicas, como a que estava agendada para o último fim de semana nas regiões do Aclimação e Coqueiral e não ocorreu devido ao clima chuvoso.
Preocupação
Também na manhã de ontem, os agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde e profissionais da 10ª Regional de Saúde estiveram reunidos para discutir ações de combate ao mosquito. “Vamos enfrentar uma nova endemia e essa é ainda bem pior porque ela pode ser evitada e não está sendo. Temos que chamar a atenção dos moradores, de líderes de bairros, que se mobilizem, cuidem das casas, dos quarteirões e do bairro todo para a situação não piorar ainda mais”, disse o secretário de Saúde, Miroslau Bailak.
O secretário lembrou que a dengue mata e que os sintomas podem ser bastantes fortes, é a chamada doença do “quebra ossos”. Um dos principais sintomas é a dor muito forte no corpo, no fundo dos olhos e as manchas vermelhas na pele. Quem tiver este tipo de sintoma deve procurar imediatamente um profissional médico para ser avaliado. “Precisamos que a população cuide, caso contrário, teremos ainda muito mais casos”, alertou Miroslau.
Ação conjunta
Clair Wagner, reforçou que os agentes estão trabalhando de forma intensa, mas que em muitas casas eles acabam encontrando o imóvel fechado e nesses casos, deixam aviso para os moradores entrarem em contato e agendar a visita, que pode ocorrer depois das 18h ou até nos finais de semana, mas que a medida não surgindo efeito.
Segundo a gerente, muitas casas estão sendo encontradas larvas do mosquito e em grande quantidade. “Precisamos que cada morador faça uma faxina semanal, verificando desde as calhas até os potes dos animais”, reforçou, lembrando que além do trabalho da saúde pública, é preciso a ação conjunta de toda sociedade.
Em caso de dúvidas, basta ligar para o telefone 3902-1769.
Foto: Secom
Paraná registra primeira morte
O boletim semanal da dengue publicado na terça-feira (15) pela Secretaria de Estado da Saúde confirmou o primeiro óbito do novo período sazonal da doença, que iniciou no dia 1º de agosto e deve seguir até julho de 2022. Trata-se de um paciente do sexo masculino, com 58 anos de idade, com comorbidade e residente no município de Nova Esperança, de abrangência da 15ª Regional de Saúde de Maringá.
Os dados do 29º Informe Epidemiológico apresentam 27.887 casos notificados da doença, com 2.811 casos confirmados, que correspondem a 10% do total. Existem ainda 4.970 em investigação (18%). Em relação ao informe anterior, houve um aumento de 15% das notificações e de 64% de casos confirmados. Desde o mês de fevereiro, 28 municípios têm confirmado casos de forma contínua.
Entre eles estão: Ampére, Arapongas, Cafelândia, Cascavel, Catanduvas, Cianorte, Cornélio Procópio, Cruzeiro do Oeste, Dois Vizinhos, Esperança Nova, Francisco Beltrão, Iracema do Oeste, Japurá, Lobato, Londrina, Maringá, Marmeleiro, Marumbi, Matelândia, Medianeira, Nova Esperança, Nova Santa Rosa, Pérola, Pinhal de São Bento, Realeza, Salto do Lontra, São Jorge do Ivaí e Umuarama.
“A atenção está voltada para a Covid-19, mas não podemos esquecer das outras doenças, principalmente quando falamos de Dengue. Infelizmente, ocorreu o primeiro óbito pela doença e por isso devemos redobrar os cuidados”, ressaltou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.