Cerca de 500 testes feitos pelo Ministério da Saúde até essa quarta-feira (24), apontaram que 39 presos e 69 funcionários da penitenciária de Ciudad del Este estão com o vírus da covid-19.
Os testes vão continuar sendo feitos nesta quinta-feira (25). Alguns guardas do presídio foram para albergues, mas outros continuarão trabalhando no centro penitenciário, sem contatos externos, segundo o vice-ministro da Saúde, Juan Carlos Portillo, como informa o jornal Última Hora.
O jornal La Nación noticia que a ministra da Justiça, Cecilia Pérez, disse que a estratégia do Ministério da Saúde é tratar a penitenciária de Ciudad del Este “como um grande albergue”, asilando num mesmo local os infectados.
“A grande luta é (evitar que os presos) compartilhem o tereré”, disse a ministra. Outro problema é que “muitos internos não querem fazer os testes”. Os presos acreditam, segundo ela, que a retirada de material do nariz provoca dano às fossas nasais, enquanto outros consideram que todos já estão infectados, portanto. o teste é dispensável.
Fase 3 continua
O jornal La Nación e o portal Paraguay.com informam que o departamento de Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, não retrocederá à quarentena total, como temiam autoridades locais.
O Paraguai.com diz que o vice-ministro da Saúde, Juan Carlos Portillo, confirmou que, no momento, Alto Paraná continuará na fase 3 da quarentena inteligente, a não ser que o panorama mude ou a situação se agrave.
O temor é que a contaminação massiva na penitenciária possa ter levado o vírus para parentes das famílias dos guardas da prisão.
Nos próximos dias, o trabalho continuará no sentido de identificar os contatos dos 69 casos positivos entre os agentes de segurança.
Sem visitas aos presos
A ministra da Justiça, Cecilia Pérez, anunciou nesta quinta-feira (25), que vai redobrar os controles em todos os presídios do país, segundo o jornal Última Hora. Foram suspensas as visitas aos presos, até que a situação esteja controlada.
Mais uma vez, ela se referiu ao risco do compartilhamento do tereré, uma das possíveis causas da contaminação na penitenciária.
Militares teriam provocado surto?
O jornal La Clave, de Ciudad del Este, levanta uma hipótese para a contaminação de agentes de segurança e reclusos da penitenciária. Segundo o jornal, os militares do Exército que fazem a guarda externa podem ter levado o vírus para dentro da prisão, já que não respeitam distanciamento social e, segundo fontes do La Clave, “até compartilham tereré e mate com os agentes penitenciários”, além de paquerar as moças da redondeza.
O jornal lembra que um sargento da Infantaria, o primeiro militar com diagnóstico de covid-19 no Paraguai, foi processado por violar a quarentena sanitária e colocar em risco os moradores de um município de Paraguarí. “Seus colegas que realizam vigilância frente à prisão não estariam longe de ser irresponsáveis como ele”, denuncia o jornal.
Na sexta-feira passada, conta La Clave, um desses soldados ficou na paquera com duas mulheres que foram até a prisão entregar comida aos familiares. As duas sequer usavam máscara e, inclusive, fizeram “selfies” e trocaram telefones com o uniformizado.
Foi justamente para evitar o ingresso do vírus na prisão que os detentos de Ciudad del Este, em iniciativa inédita nas prisões do Paraguai, haviam pedido a suspensão de visitas.
No entanto, acusa o jornal, “por culpa destes militares e dos agentes penitenciários, que entram e saem sem os cuidados sanitários, sob os narizes do diretor da prisão, Vicente Ricardo Núñez, nos defrontamos com um cenário catastrófico e incerto na já contundida Ciudad del Este, que com o passar dos dias pode voltar a fases anteriores da quarentena inteligente”.