NO CAMPO

Setor produtivo vê mais uma perseguição ao agro com restrições ao crédito rural

Foto: Wenderson Araujo/Trilux/ABR
Foto: Wenderson Araujo/Trilux/ABR

Palotina – Mais uma vez, o setor produtivo reclama da conduta do governo federal em relação ao setor responsável por sustentar a balança comercial do País. Entidades de diversos estados, entre as quais a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), têm solicitado insistentemente ao governo federal, alterações na Resolução 5.081/2023, do Conselho Monetário Nacional, prevendo impedimentos socioambientais para a concessão de crédito rural a parte dos agropecuaristas do Paraná e do Brasil.

Atualmente, produtores rurais com pendências em parte de suas propriedades são penalizados com o impedimento na tomada de crédito para toda a extensão da área. Diante desse cenário, milhões de hectares estão descobertos de financiamento de atividades agropecuárias.

“Temos feito um trabalho insistente para sensibilizar as autoridades a respeito dos prejuízos que estão sendo causados aos produtores e também à sociedade brasileira, com esses empecilhos impostos aos agropecuaristas. A agropecuária é a força motriz da nossa economia e está sendo penalizada por essa resolução do CMN”, ressalta Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema Faep.

“DUROS GOLPES”

O agronegócio brasileiro enfrenta um momento crítico, refletindo preocupações há muito tempo presentes no setor produtivo. Segundo Edmilson Zabott, presidente do Sindicato Rural de Palotina, “o produtor rural vem sentindo na carne as consequências de vários fatores”. As dificuldades têm se intensificado devido a questões climáticas e conflitos internacionais, que resultam em “duros golpes” para essa atividade essencial ao desenvolvimento econômico do País.

Zabott destaca que os produtores estão se descapitalizando, enfrentando a perda de produção tanto em termos de preços quanto na própria produção das propriedades. Os altos custos, impulsionados pelas importações de insumos, agravam ainda mais essa situação. Para complicar, ele critica as novas políticas do governo federal, que, segundo ele, representam uma “perseguição ao setor rural”. O presidente do sindicato observa que essas medidas acabam punindo agricultores que enfrentam problemas em suas propriedades, impedindo-os de buscar custeio e financiamento para investimentos necessários.

“Raros são os produtores que têm capital de giro estocado para garantir a produção sem recorrer ao custeio”, alerta Zabott, enfatizando a fragilidade econômica que muitos enfrentam. Ele conclui que a situação atual, marcada por resoluções e políticas arbitrárias, coloca em risco não apenas a produção rural, mas também a segurança alimentar e o futuro do agronegócio no Brasil.

O Sistema Faep enviou oito ofícios com o pedido de providências sobre esse tema. A demanda já foi comunicada ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad; à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; ao presidente do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante; e ao deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion.

A Faep tem participado, ainda, de audiências públicas e reuniões em Brasília, além de fornecer subsídio aos debates envolvendo o tema para lideranças rurais e políticas.