Na sequência da série de entrevistas exclusivas do Jornal O Paraná com os vereadores eleitos pela primeira vez para o exercício do mandato em Cascavel, nesta edição a conversa é com o jornalista João Diego (Republicanos). O objetivo da série é aproximar os eleitores das propostas e trajetórias dos novos representantes da cidade. João Diego conquistou 2.269 votos nas eleições de 2024. Esta foi a segunda vez que disputou um cargo à Câmara de Cascavel. Diego falou o que espera da Câmara de Cascavel e de seu mandato.
O Paraná – Na eleição de 2020, quando você participou pela primeira vez, faltaram 84 votos para você se eleger. Naquela oportunidade, o Republicanos fez apenas um vereador. Nas eleições deste ano o partido conseguiu eleger quatro vereadores. Qual a sensação desta votação: dobrar o número de votos e estar vereador de Cascavel?
João Diego – Primeiramente é uma alegria poder fazer parte da história do nosso município, deixar nossa contribuição, deixar nossa marca. […] Em 2020 faltaram esses 84 votos para a eleição. Naquele primeiro momento, fiquei muito contente com a votação, mas pensei, será que a política é para mim? Será que eu devo continuar nessa caminhada? Agora, conversando com os amigos, compartilhando com a família esse pensamento, tomamos a decisão que tentaríamos mais uma vez.
Alguns especialistas de política falavam: João, a tendência natural de uma pessoa que sai de uma votação é de uma eleição para outra aumentar 30%. Isso é um crescimento natural de alguém que faz uma campanha boa. Eu pensava: não, mas 30% não é o suficiente pra me deixar entre os eleitos do Republicanos; então a gente vai ter que trabalhar muito mais, vai ter que levar muito mais a nossa mensagem. E, comparado à outra campanha, a gente se programou com mais antecedência, lançamos a pré-campanha seis meses antes, nós conversamos com mais amigos, mobilizei mais ouvintes, pessoas que me acompanham no rádio, e o resultado foi extremamente positivo. A gente conseguiu dobrar a votação de uma eleição para outra, superando as expectativas até dos mais otimistas.
O Paraná – Por qual motivo você entrou na política em 2020? E por qual motivo você desejou seguir?
João Diego – Eu vim lá da Região Norte. Durante toda a minha vida eu morei lá na Região Norte. Mas desde pequeno meu pai e minha mãe sempre foram envolvidos com campanhas políticas, sempre foram envolvidos nesse processo eleitoral e eu sempre gostei muito disso. E eu percebi que nos períodos de eleição, a Região Norte era a região mais visitada em Cascavel. Tinha candidatos, vereador, deputado, enfim, no período de campanha eles desciam para a Região Norte. Depois passava quatro anos e você nunca mais via a pessoa por lá. Então sempre foi um local que o meio político sempre visitou muito em busca dos votos, mas nem sempre a região teve a atenção necessária das autoridades. […] Então, o primeiro momento foi pra ser uma voz dessa região, de onde eu vim. Eu sempre estudei em escola pública, em colégio público, só a minha faculdade, o ensino superior, acabei daí fazendo na Univel. Então sempre usei do serviço público, sistema de saúde. […] E para que eu pudesse deixar minha marca ou fazer algo a mais, não só pela região norte, mas para todos que me acompanham no rádio eu precisava dar um passo a mais. E a política é um caminho.
O Paraná – Você pretende ser um vereador da região norte?
João Diego – Eu procuro falar que eu vou fazer um legislativo comunitário. Já existe muito esse termo em outras cidades, Cascavel é até uma novidade, e é entender a necessidade de cada bairro e trabalhar em cima daquela necessidade. Se eu for hoje no Maria Luíza, a necessidade é uma, diferente do Santa Cruz. A necessidade do Floresta é outra, diferente da região central. Então, o legislador primeiro, ele é um vereador da cidade de Cascavel, ele tem que atuar para a cidade, para o interior. Eu recebi 384 votos no Floresta e Clarito, outros quase 1.900 votos foram espalhados pela cidade de Cascavel. Então seria injusto da minha parte priorizar apenas a região norte e deixar tantos outros bairros ou comunidades do interior desamparadas.
O Paraná – No período de 2020 a 2024, você chegou a assumir um tempo como suplente no Legislativo de Cascavel. Você acredita que essa experiência junto com a comunicação tende a facilitar a sua vida a partir de 2025?
João Diego – Foi um período muito curto, né? Eu assumi lá a Câmara por um mês, em setembro de 2022. Foi um período para que eu entendesse melhor o contexto, os bastidores da política, para que eu acompanhasse os bastidores ali do Plenarinho, para que eu acompanhasse como é para protocolar um projeto, uma indicação, as indicações que os vereadores têm à disposição, para que eu entendesse o funcionamento da Casa. Eu acredito que agora, por mais que é uma primeira eleição, chego com certo conhecimento básico desse mês que estive lá.
O Paraná – O que se pode esperar do vereador João Diego a partir de 2025?
João Diego – Muito trabalho. Dedicação total à nossa população de Cascavel. Não só aos 2.269 amigos e amigas que depositaram esse voto de confiança, mas para toda a população. A partir do momento que eu fui eleito, eu deixo de representar apenas aqueles 2.269 eleitores e passo a representar a cidade como um todo. Então, a população pode esperar muito trabalho. Eu nunca tive cargo político nenhum, eu não tenho apadrinhamento político, tenho uma abertura da política e sou grato pela abertura que o Renato Silva e o grupo me deu para estar no Republicanos.
Sou filho de uma professora aposentada, de um locutor, autônomo, irmão de uma professora de educação física, eu venho de uma família que não tem raízes na política. Então, por isso eu posso, com muita tranquilidade, dizer que eu sou uma nova voz na política. Venho sem vícios políticos, venho sem raízes históricas na política. […] Só fazer um adendo, período que eu tive um mês na Câmara, uma coisa que me incomodava, às vezes era ver um gabinete ou outro, o pessoal com um ritmo de trabalho mais tranquilo, mais cadenciado. A ideia é trazer para o poder público, para o legislativo, o mesmo ritmo que a gente tem na iniciativa privada. Principalmente em veículos de comunicação, você chega numa redação, tem o pessoal trabalhando, vai numa emissora de rádio, o pessoal produzindo, apresentando, nos bastidores. A gente tem esse dinamismo, e é um dinamismo que eu sinto um pouco de falta disso no Legislativo.
O Paraná – Qual a importância da renovação, de ter gente nova dentro do poder legislativo, gente nova como você dentro da Câmara de Cascavel?
João Diego – Eu sou extremamente favorável à renovação. Eu vejo que esse conjunto da experiência mais a renovação tende a surtir um bom trabalho a favor da nossa cidade. Cito a experiência porque nós sabemos que temos vereadores lá que fizeram um bom trabalho, que retornaram para a Câmara e que possam continuar com esse bom trabalho. Mas a partir do momento que você renova a Câmara, você traz pessoas sem costumes políticos, sem compromissos com grupos, você traz pessoas novas com novas ideias para oxigenar o ambiente, trazer novos projetos, um pensamento mais jovem, mais novo, mais moderno.
O Paraná – Você certamente estará na base do prefeito eleito Renato Silva?
João Diego – Sim. Eu sou do Republicanos, Dona Odina Silva, presidente do Republicanos é esposa do Renato Silva. Mas uma coisa é importante de destacar, mesmo estando numa emissora, sendo comunicador de uma emissora que faz parte do grupo Renato Silva, o Renato nunca proibiu de falar algo no ar. […] E eu acredito que na Câmara de Vereadores também não será diferente. Claro, estaremos na base, trabalhando para um bom desempenho no município de Cascavel. Queremos que Cascavel continue no caminho do crescimento. Agora, se tiver em algum momento que cobrar, que me posicionar de forma mais forte me posicionar contrário a algum pedido do Executivo, farei isso com consciência muito tranquila, porque naquele momento que eu estou como vereador na Câmara de Vereadores, não é o João Diego comunicador, ali é o João Diego vereador.
O Paraná – Caso venha o convite para você assumir a Secretaria de Comunicação, já que você também é comunicador, você deve aceitar esse convite ou você irá declinar e seguir esse mandato de vereador?
João Diego – Eu fui eleito para o mandato de vereador, então eu acho justo que eu cumpra o papel de vereador. Nada contra vereadores que talvez recebam esse convite e vão aceitar. Acho que cada um tem o seu pensamento, mas eu tenho esse desejo de fazer a minha parte, construir a minha história no Legislativo em Cascavel. Então mesmo que venha um convite desse, que seria uma honra, agradeço, mas acho que o nosso caminho é seguir no Legislativo.