Política

Prefeitura pagará R$ 8 mi por “produto próprio”

Desde que foram instalados, totens nunca serviram para o que foram criados

Prefeitura pagará R$ 8 mi por “produto próprio”

Desenvolvidos dentro da Fundetec (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Cascavel), os totens com dispositivos de segurança já instalados em fase experimental no Bairro Interlagos e no Calçadão da Avenida Brasil devem ser multiplicados. Mas em vez de a prefeitura explorar a tecnologia incentivada nas incubadoras locais, a solução é outra. Embora toda a tecnologia tenha sido “descoberta” no espaço público, o poder público achou mais conveniente alugar o sistema de outras empresas e, para isso, prevê pagar R$ 8,6 milhões.

A contratação de uma empresa para locação do dispositivo inteligente de multiserviços – desde instalação à manutenção – é feita pela Secretaria de Política sobre Drogas e Proteção a Comunidade. Em virtude de pedidos de esclarecimentos, o certame está suspenso pelo Tribunal de Contas.

Dividida em lotes diferentes, um contempla 240 equipamentos com valor unitário de R$ 4.723,78 e outro tem 2.880 itens de outro modelo, a um custo de R$ 2.624,66 cada um. O contrato é de dois anos – a um valor mensal de R$ 362 mil.

Consta no edital que a prioridade será instalar os totens perto de Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) para garantir a segurança das crianças.

O sistema que agora passará a ser administrado por uma terceirizada é idêntico ao desenvolvido na Fundetec e anunciado por Leonaldo Paranhos (PSC) no início da gestão, quando levou a novidade ao Bairro Interlagos.

O totem tem câmera de 360 graus, botão do pânico e sirene.

O assunto despertou questionamentos do vereador Fernando Hallberg (PPL): “Qual motivo desenvolver o sistema na Fundetec e agora abrir licitação para que uma empresa assuma esse serviço? Queremos as justificativas da prefeitura para saber se não houve desperdício de dinheiro público”.

Outro fator intrigante é que a tecnologia jamais demonstrou a que veio: nunca foi acionada ou apareceu em balanços da Guarda Municipal. Ou seja, desde que entrou em funcionamento não se tem conhecimento de que um morador acionou o sistema, tampouco houve apreensões ou flagrantes. Mesmo assim, o Município pretende dar sequência a mais um custo operacional.

A intenção é instalar mais 130 estruturas na cidade.

Hallberg questiona o poder público sobre o custo para o desenvolvimento do sistema na Fundetec, como ele foi estudado na instituição pública e cobra também resultados práticos: o que foi almejado e o que foi alcançado com a instalação dos totens.

Reportagem: Josimar Bagatoli