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Sonho que se sonha junto

Eduardho Marcante, de 13 anos, e jogador do Flamengo que escapou da tragédia que vitimou alguns de seus amigos e companheiros de equipe há dois meses

Arquivo Atleta
Arquivo Atleta

O sonho de dez em cada dez jovens atletas que treinam em escolinhas de futebol Brasil afora sempre está mais perto de se tornar realidade para aqueles que já estão no radar ou treinando nas grandes equipes do País. Esse é o caso do zagueiro cascavelense Eduardho Marcante, de 13 anos, e jogador do Flamengo que escapou da tragédia que vitimou alguns de seus amigos e companheiros de equipe há dois meses, no CT Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro.

“Ele estava lá, na cidade, no dia da tragédia. Soubemos do incêndio pela TV e nos preocupamos na hora. Pela idade, ele não podia dormir no CT, mas na noite anterior havíamos conversado e ele estava lá, para jantar. Aliás, ele fazia as refeições lá, mas não podia passar a noite, por causa da idade”, explica Francielli Farias, mãe de Eduardho, que fez 13 anos no último dia 30 de março.

No Rio de Janeiro, “Dudu”, como é conhecido o jovem atleta, morava em uma casa com outros seis que também treinavam no Flamengo e não tinham idade para se alojar no CT. Os custos eram bancados pelo empresário dos jogadores, numa prática comum até então e que perdurava até os jovens completarem 14 anos, mas atualmente proibida e sob rigorosa fiscalização dos órgãos competentes.

“O empresário se disponibiliza a manter uma ajuda de custo e sugeriu alternativa, como alguns poucos meninos unirem suas rendas para morar na casa de outro, mas o Eduardho não quer voltar para lá sem sua família. Ele ficou traumatizando, nesse sentido. E nós também ficamos. Nunca se imagina que uma tragédia dessas pode acontecer, ainda mais num dos clubes mais estruturados do País. O Eduardho saiu de casa com 12 anos para ir morar num lugar desconhecido para viver seu sonho, e realizar o sonho dele acabou se tornando o nosso”, continua Lucielli.

De “mala e cuia” para o Rio de Janeiro

Com o CT Ninho do Urubu liberado apenas para o time profissional do Flamengo, as categorias de base, a partir de sub-14, têm treinado em outros clubes no Estado, alguns até uma hora de distância da sede rubro-negra. Por isso, e até que a situação “se normalize” por lá, Eduardho Marcante segue treinando na Escolinha de Futebol do Santos em Cascavel, no campo do Canecão, e também matriculado na rede de ensino da cidade.

A ideia é continuar assim até por volta do mês julho, época das férias escolares – por conta da transferência – e quando a situação da base flamenguista já deva estar resolvida, espera o pai de “Dudu”, Elder Marcante, que planeja se mudar de vez para o Rio de Janeiro.

“Tenho experiência como motorista de ônibus e para trabalhar em restaurante, mas posso me ajustar, como cortar grama ou lavar coletes. Eu posso ir primeiro e a Francielli [esposa] ir depois com nosso filho pequeno, quando estivermos estabelecidos. Temos um restaurante que já colocamos à venda aqui em Cascavel, pois pode ser que não consigamos trabalho tão rápido e ainda assim precisemos nos manter por um tempo”, diz Elder, explicando que a ajuda do empresário de Eduardho não basta nem para o aluguel de uma quitinete.

A família Marcante tem preparado currículos para distribuir no Rio de Janeiro e também buscado ajuda de empresários cascavelenses que tenham comércio/empresa na Cidade Maravilhosa ou contatos por lá para indica-los, ou ainda moradia disponível. Para quem puder ajudar o número de telefone para contato é 99984-4387.

Crédito: Arquivo Atleta
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