Cotidiano

Pais aguardam há quase um ano agenda na clínica-escola

Pais, famílias, cuidadores e profissionais aguardavam ansiosos pelos atendimentos propostos no local, mas até hoje muitas famílias não conseguiram ser atendidas na clínica

Pais aguardam há quase um ano agenda na clínica-escola

A Prefeitura de Cascavel inaugurou em junho do ano passado a Clínica Escola do Transtorno do Espectro Autista – Cetea Juditha Paludo Zanuzzo, a primeira instituição do Paraná a atender no mesmo espaço às especificidades clínicas e pedagógicas de autistas.

Pais, famílias, cuidadores e profissionais aguardavam ansiosos pelos atendimentos propostos no local, mas até hoje muitas famílias não conseguiram ser atendidas na clínica.

O Decreto 15.239/2020 classificou em faixas para atendimento e na primeira inclui alunos da rede municipal com laudos de profissionais, de quatro a 12 anos, em torno de 230 crianças.

A coordenadora do Programa de Práticas Integrativas, a fisioterapeuta Larissa Fuga Guerrer, diz que “já acompanhamos e avaliamos quase 100% dessa lista, em torno de 90%”.

Muitos pais aguardam serem chamados para a primeira avaliação, que é o primeiro passo para receber as terapias como fisioterapia e fonoaudiologia. “Há muitas famílias aguardando desde que a clínica-escola foi inaugurada”, afirma a presidente da Amac (Associação de Mães de Autistas de Cascavel), Samantha Sitnik.

Segundo ela, apenas na Amac há cerca de 270 autistas e muitas aguardam o atendimento.

Pais tentam entender demora

Muitos pais de crianças com espectro autista encontram dificuldades dentro das próprias famílias e não conseguem entender a demora para que tenham acesso ao atendimento necessário.

Roseli Barossi é mãe de duas crianças. Giovana e Rafael são gêmeos e têm quatro anos. Eles têm diagnósticos de profissionais especializados, inclusive, Giovana recebeu o encaminhamento em setembro de 2020, de um neurologista do Cisop (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná), para que fosse atendida na clínica-escola, mas a última informação que ela recebeu é que precisa aguardar para fazer avaliação na escola. “Eu questionei se a demora era porque eu só queria as terapias para meus filhos e me informaram que não”, explica Roseli.

Jocilei Scappa de Souza é mãe do Rafael, de quatro anos, que aguarda atendimento na clínica-escola. Segundo ela, em 2019, o filho passou por avaliação com neurologista e, por se tratar da rede privada, ele terá que aguardar para fazer nova avaliação na rede pública. O menino, inclusive, frequenta Cmei por conta do laudo. “Eles sabem da situação do Rafael”, diz Jocilei.

Importância das intervenções

Há comprovação científica quanto às intervenções terapêuticas para moldar o comportamento de pessoas com autismo para que possam se desenvolver da melhor forma possível e isso envolve procedimentos multidisciplinares. “Os profissionais trabalham para desenvolver habilidades de sentimentos, comunicação social e interação social, por meio de terapias ocupacionais, por exemplo”, explica a neuropsicopedagoga Juliana Terencio, que também é mãe de um menino de 12 anos, o Vitor, que, após descobrir o diagnóstico do filho, buscou conhecimento e hoje atende pessoas com o espectro autista com cobrança social.

A profissional ressalta ainda sobre a importância de obter o diagnóstico e iniciar as terapias o mais cedo possível, porque as crianças têm fases de desenvolvimento e podas neurais muito evidentes na primeira infância, que vai até os seis anos.

Atendimentos na Clínica Escola

A Prefeitura de Cascavel informou que os atendimentos retornaram na semana passada, com cerca de 50% da capacidade. A partir desta semana, irão aumentar de forma gradativa.

A Clínica Escola reforça que acompanha também a questão educacional, que está suspensa por conta da pandemia. Segundo o Município, não há fila de espera no momento e a clínica-escola está atendendo a demanda existente. “Atendemos desde a inauguração, em junho de 2020, 197 crianças na parte da saúde”, diz Larissa Fuga Guerrer.

A coordenadora do Programa de Práticas Integrativas também ressaltou que, quando abrirem a demanda para as unidades de saúde, poderá ser feita uma fila de espera e iniciar um atendimento para diagnóstico precoce já na puericultura. “Para que a gente possa intervir o quanto antes nessa criança”, diz Larissa.