Cotidiano

Marco do Saneamento aprovado pelo Senado facilita privatizações

Aprovação do senado impõe regras às companhias que precisam obedecer a critérios de prestação e tarifação, mas podem atuar sem concorrência

Aprovação do senado impõe regras às companhias que precisam obedecer a critérios de prestação e tarifação, mas podem atuar sem concorrência
Aprovação do senado impõe regras às companhias que precisam obedecer a critérios de prestação e tarifação, mas podem atuar sem concorrência

O Senado Federal aprovou o novo marco legal do saneamento básico. O projeto do governo, havia sido aprovado em dezembro na Câmara dos Deputados e agora segue para a sanção presidencial. O texto prorroga o prazo para o fim dos lixões, facilita a privatização de estatais do setor e extingue o modelo atual de contrato entre municípios e empresas estaduais de água e esgoto. Pelas regras em vigor, as companhias precisam obedecer a critérios de prestação e tarifação, mas podem atuar sem concorrência. O novo marco transforma os contratos em vigor em concessões com a empresa privada que vier a assumir a estatal.

O texto aprovado também torna obrigatória a abertura de licitação, envolvendo empresas públicas e privadas.

Sanepar em Umuarama

Em Umuarama, recentemente foi firmado contrato com a Sanepar, empresa estatal, de economia mista, com vigor por 30 anos, liberando a renovação por mais 30. A proposta da contratação, elaborada pelo Poder Executivo, foi aprovada pela maioria dos vereadores e sancionada pelo prefeito.

Através da Assessoria de Imprensa da Prefeitura, a Procuradoria Jurídica do Município aguardará a sanção presidencial da Nova Lei do Saneamento Básico, para que possa analisar o conteúdo e verificar quais medidas deverão ser tomadas em caso de uma eventual alteração na Lei Municipal que trata sobre o contrato firmado entre Município e Sanepar.

Contrato firmado entre Prefeitura e Sanepar libera estatal para atuar por 30 anos em Umuarama

Emenda

Foram apresentadas 86 emendas ao projeto. Mas o relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), acatou apenas uma, do Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que torna mais precisa uma referência legal, sem alteração de mérito. Pelo projeto, os contratos deverão se comprometer com metas de universalização a serem cumpridas até o fim de 2033: cobertura de 99% para o fornecimento de água potável e de 90% para coleta e tratamento de esgoto. “Universalizar os serviços de água e esgoto até 2033 tem múltiplas dimensões. Saneamento tem efeito multiplicador na geração de empregos, saúde, educação e melhoria da qualidade de vida das pessoas”, argumentou o relator.

Senador acatou emenda que torna mais precisa a referência legal, sem alteração de mérito

Investimento e economia

De acordo com Tasso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, para cada R$ 1 investido em saneamento, gera-se uma economia de R$ 4 em gastos com saúde. A OMS também estima que, anualmente, 15 mil pessoas morram e 350 mil sejam internadas no Brasil devido a doenças ligadas à precariedade do saneamento básico. O relator ainda destacou que a situação foi agravada pela pandemia do coronavírus. Segundo o senador, a atual crise torna ainda mais urgentes as mudanças propostas. Ele lembrou que cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada e metade da população não tem serviços de coleta de esgoto.

Contratos

Hoje, as cidades firmam acordos direto com empresas estaduais de água e esgoto, sob o chamado contrato de programa. Os contratos contêm regras de prestação e tarifação, mas permitem que as estatais assumam os serviços sem concorrência. O novo marco extingue esse modelo, transformando-o em contratos de concessão com a empresa privada que vier a assumir a estatal, e torna obrigatória a abertura de licitação, envolvendo empresas públicas e privadas. Pelo projeto, os contratos de programa que já estão em vigor serão mantidos e, até março de 2022, poderão ser prorrogados por 30 anos. No entanto, esses contratos deverão comprovar viabilidade econômico-financeira, ou seja, as empresas devem demonstrar que conseguem se manter por conta própria — via cobrança de tarifas e contratação de dívida.

Os contratos também deverão se comprometer com metas de universalização a serem cumpridas até o fim de 2033: cobertura de 99% para o fornecimento de água potável e de 90% para coleta e tratamento de esgoto. Essas porcentagens são calculadas sobre a população da área atendida.

Municípios deverão cobrar tarifas sobre serviços de poda de árvores e varrição de ruas

Tarifas

Os municípios deverão passar a cobrar tarifas sobre outros serviços de asseio urbano, como poda de árvores, varrição de ruas e limpeza de estruturas de drenagem de água da chuva. Se não houver essa cobrança depois de um ano da aprovação da lei, isso será considerado renúncia de receita e o impacto orçamentário deverá ser demonstrado. Esses serviços também poderão integrar as concessões.