Educação

Educação com afeto: 7 passos para praticá-la em escolas e universidades

Mudar um sistema que consiste apenas no aprendizado racional e direto em que um protagonista fala e os demais escutam é o desafio de muitos docentes. Em agosto, o vídeo da Tia Cacau, estudante de pedagogia e auxiliar da professora titular de uma escola de São José do Rio Preto, viralizou. A estudante Camila Magalhães criou uma maneira diferente na recepção dos seus alunos. Os estudantes do primeiro ano da escola precisam de senha para entrar na sala. Os símbolos de um coração, mãos e música ficam pregados ao lado da porta e os pequenos devem escolher um deles para entrar no ambiente escolar. Que consistem em um abraço, uma canção, ou um “toca aqui”.

Para transformar a rotina na sala de aula, seja infantil e/ou universitária, Augusto Jimenez, psicólogo educacional da Minds Idiomas, lista sete dicas para construir a educação com afeto:

1) Busque autoconhecimento

Desmitificar que o ensino consiste em apenas transmitir conhecimento é o primeiro passo. O professor deve agir como mediador auxiliando os estudantes a serem protagonistas de sua rotina, incluindo limites, e amor na relação. Para isso, o autoconhecimento é o mais importante. Procurar compreender quais são suas limitações, fazer terapia, buscar se entender antes de auxiliar o outro, ou, neste caso, auxiliar o aluno é o mais importante nesse processo. Muitas vezes o método de ouvir e entender uma turma não irá funcionar com outra turma. Aceitar isso, aceitar que nem sempre o estabelecimento dos laços será possível, é um importante amadurecimento na educação afetiva. A frustração faz parte de qualquer tipo de relação humana.

2) Se atente aos pequenos detalhes

Assim como a Tia Cacau se atentou que, quando entramos em um ambiente, a forma como somos recepcionados é muito importante, outras ações podem ser de grande valia. Como: fazer a chamada pelos nomes e não por números; sempre iniciar as aulas afirmando que os alunos podem falar com você após o período das classes sobre qualquer dificuldade; e, principalmente, observar o comportamento dos estudantes dentro e fora da sala de aula. Muitas vezes os alunos estão passando por situações que não imaginamos.

3) Educação afetiva fora da sala de aula

A preocupação em ouvir o outro, ter empatia, e estabelecer a sinergia entre razão e emoção não deve se limitar apenas dentro da sala de aula. Todos os colaboradores do ambiente escolar e gestores devem promover e estabelecer relações dessa forma. Lembre-se que a escola é feita por todos os departamentos que a compõe e, para se ter uma educação com afeto na condução das aulas, o ambiente educacional como um todo deve contribuir para esse fim.

4) O aluno não é um quadro em branco

Ao escutar as expectativas e os conceitos de vida dos estudantes, abrem-se ideias e formas de transmitir o conhecimento. O docente é capaz de unir o conteúdo que precisa passar com o interesse desses estudantes. Isso traz o aluno para perto do docente, do conteúdo e da disciplina estudada.

5) Aceite, acolha e compreenda as críticas dos estudantes

O ser humano não é programado para aceitar as críticas que recebe. E isso envolve os professores também. Muitos alunos podem não aceitar ou gostar da forma como você se coloca, ensina e estabelece as relações. Até mesmo se você optou pela educação com afeto e não pragmática. Nesse momento, escute-os e tente entender como respeitar o limite deles. Não significa se anular ou deixar de acreditar no que você estava fazendo. Significa olhar para o que está sendo dito. É usar realmente os outros sentidos além de escutar. Prestar atenção nesses alunos e adaptar caso seja possível o que tenha escutado não é perder a autoridade, e sim respeitar os limites deles e incluir os seus.

6) Lembre sempre aos seus estudantes: a condição de aluno nunca desaparece

Essa dica é muito importante independente desse aluno ter o desejo de ser professor no futuro e/ou outro profissional. Quando lembramos que já fomos alunos, recordamos do nosso processo de aprendizado e, mais do que isso, conseguimos “traduzir” o que é complexo de uma forma mais simples para as outras pessoas. Seja um médico que precisa simplificar o diagnóstico para a família do paciente ou um odontólogo que necessita explicar para uma mãe a saúde bucal do filho.

7) Valorize a interação com o aluno

Autorizar ou não o uso de celulares entra nesse tópico. Alguns docentes proíbem o uso do telefone dentro da sala de aula, outros liberam para uso escolar. A questão nesse tópico é o uso que fazemos. A tecnologia não é ruim, mas, como toda ferramenta, precisa ter cautela no uso. A interação humana é ainda a melhor para desenvolver os laços afetivos e os conteúdos complexos, porém, a tecnologia pode auxiliar nesse processo. Analise a sua turma, cheque se seria bom incluir algum aparato tecnológico, mas se lembre de visar sempre a melhoria da relação com os estudantes seja ela por meio da tecnologia ou de outras formas.

Fonte: mindsidiomas.com.br