Corbélia – A falta de infraestrutura sem dúvida retarda o desenvolvimento de uma região. O Oeste, que tem a maior participação do Paraná no que se refere à produção agrícola, sabe muito bem o quanto o desdém das esferas públicas tem dificultado a logística e encarecido o escoamento de suas riquezas. O anúncio de exclusão da duplicação do trecho entre Cascavel e Campo Mourão, na BR-369, feito pelo governo estadual, só confirma essas dificuldades.
Isso porque o aditivo assinado pelo Estado com a concessionária de rodovias Viapar vai rever todo o programa de obras da concessão já estabelecido. Dessa forma, novamente a região Noroeste será beneficiada com a duplicação de 33 quilômetros da BR-376, entre Paranavaí e Nova Esperança.
O investimento previsto é de R$ 197 milhões, com prazo de entrega para 2017. A nova estrutura terá canteiro central de seis metros, oito viadutos e trincheiras. Diferentemente do que se vê no Oeste, onde o cronograma mantém apenas a duplicação de um quilômetro em uma pequena extensão na travessia de Corbélia.
A justificativa da Seil (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística), segundo o presidente do Sinduscon/Oeste, Edson José de Vasconcelos, é extremamente frágil. Conforme ele, as informações preliminares são de que a exclusão da região Oeste ocorreu visto o fluxo de veículos que passam diariamente por Paranavaí, uma média de 15 mil, de acordo com a Secretaria. Já no Oeste, trafegam todos os dias pela BR-369 aproximadamente 7,5 mil veículos.
Não concordamos com esse argumento e aguardamos uma informação técnica sobre isso. A duplicação não é só uma questão de fluxo, mas de estratégia. Se for levado em conta somente o total de veículos que passam pela região todos os dias e comparar esses índices com outros locais, não seremos contemplados com nenhum tipo de obra, relata Vasconcelos.
Para os líderes do setor produtivo da região, essa é uma prova clara falta de atenção por parte do Governo do Paraná com antigas e importantes Oeste.
A região é ignorada e não recebe nenhum respaldo sobre o porquê isso acontece, lamenta o presidente do Sinduscon/Oeste.
A versão do Estado
Conforme a Seil, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) não retirou nenhuma obra do cronograma, apenas o reorganizou, priorizando as estradas em que há um número maior de acidentes em consequência do fluxo intenso.
A duplicação da BR-369, por sua vez, foi postergada para os dos últimos anos do contrato de concessão com a Viapar, que encerra em 2021. Neste caso, as obras começariam em 2019, enquanto outras demandas já estariam finalizadas.
Cada vez menos
Não é a primeira vez que o Oeste fica para trás quando o assunto é infraestrutura. No modal rodoviário, a BR-277 também é prejudicada pela falta de investimentos. Há décadas, a população reivindica a duplicação entre Cascavel e Foz do Iguaçu, conhecida como rodovia da morte em vista do número de acidentes fatais registrados no trecho.
Até o momento pouco foi feito, duplicando apenas entre Foz do Iguaçu e Medianeira, e 5,3 quilômetros entre Matelândia e o distrito de Agrocafeeira, investimento de R$ 41,5 milhões. Ainda na BR-277, o presidente do Sinduscon/Oeste, Edson José de Vasconcelos, lembra da duplicação de 9,4 quilômetros entre o Trevo Cataratas em Cascavel ao distrito de São João.
Essa é mais uma obra que não sabemos quando vai começar, diz.
Em compensação, foram finalizados no Noroeste do Paraná mais de 11 quilômetros de duplicação na PR-317, entre Engenheiro Beltrão e Peabiru, parte da obra que prevê a construção de pista dupla em 53 quilômetros, de Floresta a Campo Mourão. O investimento total é de R$ 210 milhões.
(Com informações de Marina Kessler)