Cotidiano

Atraso em software adia o início dos free shops

Em Guaíra, estrutura era esperada para a metade deste ano

Guaíra – Foco de amplo debate e até certa ansiedade vislumbrando benefícios econômicos, o Município de Guaíra já contava com a implantação das lojas francas, os chamados free shops, para a metade deste ano. Contudo, a grande alternativa para alavancar a cidade, depois das Sete Quedas, vai mesmo ficar para o ano que vem. Em todo o Brasil, serão 32 municípios contemplados com as lojas francas, sendo duas na região oeste do Paraná: Guaíra e Foz do Iguaçu.

Além das burocracias corriqueiras do processo eleitoral que trava mesmo os projetos, o apurado pela reportagem do Jornal O Paraná com fontes ligadas à Receita Federal é que todas as normativas foram publicadas e o problema é a demora da Receita em concluir e homologar o software que fará com que o sistema desses free shops “converse” com o sistema da própria Receita.

E se em Guaíra a expectativa era de colocar o projeto para funcionar agora, em Foz do Iguaçu a comunidade local ganhou tempo para resolver alguns impasses locais. Na Terra das Cataratas, a discussão é sobre a localização das lojas francas, de modo que não aniquilem o comércio local. Leia mais sobre isso nesta página.

Voltando a Guaíra, o diretor de Indústria e Comércio, Adriano Cezar Richter, reforça que as legislações federal, estadual e municipal estão prontas. “O último passo é aguardar a Receita Federal homologar o software. A partir disso ela vai começar a receber os requerimentos dos interessados em implantar essas estruturas. Acreditamos que o projeto esteja concluído no primeiro semestre de 2019”, reforçou.

Esperando por isso, o Município tem investido em melhorias para receber as lojas e a aposta é alta. A prefeitura espera que sejam atraídas dezenas de milhares de clientes que deixariam de comprar no Paraguai, para movimentar a cidade e transformá-la em ponto importante para o turismo de compra. “Estamos melhorando a nossa malha viária, sabemos que deverá aumentar a área hoteleira, na saúde, refeições. O comércio local terá de se adequar e, por mais que essas lojas não revertam impostos diretos para o caixa do Município, outros setores fomentados por elas vão gerar”, destacou.

Revisão do plano-diretor

Hoje o plano-diretor de Guaíra permite que essas estruturas sejam construídas em qualquer local no Município, mas o plano expira neste ano e esse será um assunto a ser rediscutido, como tem ocorrido em Foz do Iguaçu.

A promessa é para que a rota turística também tenha como alternativa as belezas naturais promovidas pelas margens do Lago de Itaipu, no Rio Paraná. “As Sete Quedas eram a mola propulsora do turismo e movimentava toda a cidade e os municípios próximos. Agora a ideia é reconquistar os turistas pelas compras e pelas belezas naturais com rotas e passeios que estão sendo projetados”, completou o diretor de Indústria e Comércio, Adriano Cezar Richter.

Tudo isso para atrair parte dos compradores, principalmente brasileiros, que cruzam a fronteira para comprar na região de Salto Del Guairá. Segundo dados da Receita Federal do Mato Grosso Sul, nos últimos três anos foram fazer compras no país vizinho pelo menos 4 milhões de brasileiros. “Se 10% deles vierem para cá, seria um ganho enorme para o Município”, diz Adriano.

Foz do Iguaçu debate localização de estruturas

Em Foz do Iguaçu o principal ponto de debate é o local onde essas lojas francas estarão inseridas. Nesta semana, representantes do poder público, líderes empresariais e a sociedade civil organizada participaram de uma audiência pública sobre a implantação de lojas francas. Na pauta, todas as regras, tanto para empresários quanto para consumidores, bem como a logística de funcionamento, a segurança, os impostos e as áreas de instalação. O evento realizado na Câmara de Vereadores foi proposto pela vereadora Inês Weizemann.

Participaram ativamente do debate o vice-prefeito Nilton Bobato; o diretor superintendente do Foztrans, Fernando Maraninchi; a secretária de Governo, Salete Horts, e o secretário de Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos, Gilmar Piolla. Eles detalharam a Lei Municipal 4.459/2016, que trata da implantação e esclareceram dúvidas sobre o funcionamento dessas estruturas. Entre preocupações evidentes do setor do comércio e posicionamentos de líderes públicos, ficou evidente que os setores não se opõem à implantação.

Para o vice-prefeito Nilton Bobato, presidente do grupo técnico de estudos sobre as lojas francas, o Município tem cumprindo sua função, de ouvir a comunidade e esclarecer todas as dúvidas do pequeno e do grande empresário. “O papel do Poder Executivo é ouvir quem tem opinião a dar. São dúvidas que vão sendo esclarecidas a cada debate e quanto mais eles ocorrerem, mais necessários serão. No mês de julho pretendemos esgotar os debates e tomar a decisão com a serenidade merecida”, disse.

De todas as estruturas a serem implantadas no Brasil, em Foz do Iguaçu estará a maior delas.

A secretária de Governo, Salete Horst, reitera a parceria do Município com o empresariado: “O mais importante é ouvir todos, pois se os empresários estão se posicionando favoráveis à instalação, isso tem que ser ouvido”.

O secretário de Turismo, Gilmar Piolla, afirma que, para o setor turístico, o avanço será sentido em pouco tempo. “Tudo leva a crer que esse processo é irreversível. Tenho certeza que para o turismo vai ser muito benéfico, consolidando Foz como um dos principais destinos de compras da América do Sul e do mundo”, disse.

Presidente do Codefoz, Mario Camargo abordou assuntos como a carga tributária e os reflexos da implantação das lojas francas para o pequeno empresário. “Já somos o destino turístico e de compras e temos que ter consciência de fazer a coisa certa para não prejudicar o comércio formal que paga tributos. Com certeza, vender produtos com impostos e sem impostos desestabiliza a economia. Não somos contra os free shops, mas não queremos privilegiar ninguém. Podemos acabar com muitas empresas já estabelecidas”, alerta.

As cidades paranaenses que terão free shops
Foz do Iguaçu
Guaíra
Santo Antônio do Sudoeste
Barracão