Economia

Retrocesso no combate à corrupção afeta economia

São Paulo – Eventuais retrocessos na Operação Lava Jato e no combate à corrupção podem afetar negativamente a economia do País. A análise é dos participantes do debate “Estadão Discute Corrupção” realizado nessa segunda-feira (1º) na sede do Estado, em São Paulo.

Em parceria com CDPP (Centro de Debate de Políticas Públicas), o evento contou com palestras do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso; do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Também participou do debate a economista e estudiosa da teoria da corrupção Maria Cristina Pinotti, que lançou o livro Corrupção: Lava Jato e Mãos Limpas. Ela afirmou que a Itália “pagou caro por abafar a Operação Mãos Limpas”. “Se o Brasil quer acabar com a Lava Jato, tem que estar preparado para o custo disso. Corrupção e desenvolvimento econômico andam juntos”, declarou.

Já o ministro Sérgio Moro disse que trabalha com o Legislativo para a aprovação deu seu projeto anticrime e anticorrupção. “Não será no meu turno como ministro que vamos deixar os esforços contra corrupção serem perdidos”, afirmou. “Há muitas semelhanças entre as operações [Mãos Limpas e Lava Jato], temos que trabalhar com o sistema político para que não tenhamos retrocessos. Um avanço vai gerar ganhos para a economia e para a qualidade da nossa democracia. (…) O sistema de corrupção impede a eficiência econômica”.

A proposta de Moro estabelece prisão como regra para condenados em segunda instância, punição mais rigorosa para condenados por corrupção, maior restrição no uso dos embargos infringentes e o “plea bargain”, quando o acusado confessa o crime e escolhe o caminho do acordo para diminuir sua pena.

O ministro do STF, Luis Roberto Barroso, citou os custos sociais da corrupção: “É o dinheiro que não vai em quantidade suficiente para a educação, para a saúde, para consertar estradas. Corrupção mata. É um crime grave praticado por gente perigosa”.

O procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, fez um alerta: “Sem renovação das práticas políticas, o trabalho da Lava Jato pode ser, em grande medida, em vão”, disse, citando que essa é uma possível visão pessimista da questão. “É possível, sim, o triunfo do retrocesso. A corrupção sempre contra-ataca. A luta contra a corrupção é uma luta da sociedade brasileira”.