Curitiba – Obter empréstimo para contornar a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus tem sido um dos principais desafios dos pequenos negócios. A quarta edição da pesquisa Impacto da Pandemia do Coronavírus, realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas), mostra que 21,3% dos pequenos negócios no Paraná conseguiram obter crédito nas instituições financeiras. Outros 31,1% ainda aguardam respostas e 47,7% tiveram o crédito negado. O percentual é maior que a média no Brasil, que é de 16% de sucesso na obtenção de crédito.
Segundo os entrevistados paranaenses, a falta de garantias ou avalistas foi a principal razão (22,4%) apontada pelos bancos para a negativa de crédito. O CPF negativado ou com restrições também foi citado por 18,4% dos empresários para a negação dos empréstimos. Outros 12,2% afirmaram que o banco não informou o motivo. A maioria (22,9%) solicitou empréstimo entre R$ 5.001 e R$ 10.000. Outros 20,9% pediram entre R$ 10.001 e R$ 20.000 e 14,2% entre R$ 10.001 e R$ 30.000.
No Brasil, o CPF com restrições foi a principal razão (19%) para a não concessão de crédito. A negativação no Cadin/Serasa também foi citada por 11% dos entrevistados para a negação dos empréstimos, este foi o quarto item mais citado. Outros 11% dos empresários ouvidos afirmaram que a falta de garantias ou avalistas teria sido o principal obstáculo.
Mais incentivo
“Nos países desenvolvidos, existem políticas de crédito a juros zero porque os pequenos negócios são essenciais para o funcionamento do sistema econômico. No Brasil, o crédito continua caro e burocrático. Elas são 99% das empresas e respondem pela maior parte dos empregos. Em tempos de pandemia, a prioridade deveria ser manter as empresas vivas. Se não socorrermos as empresas que precisam de crédito, não vai haver empresa para voltar a produzir e não sairemos dessa crise tão cedo”, alerta o presidente do Sebrae, Carlos Melles, ao analisar o cenário nacional.
Efeitos diretos
A pesquisa mostra ainda que, no Paraná, 48,1% dos entrevistados mudaram o funcionamento da empresa com a pandemia, 39,4% interromperam as atividades temporariamente, 8,8% não mudaram a forma de trabalho e 3,7% decidiram fechar a empresa de vez. Devido às medidas de restrição de circulação de pessoas, quase 40% dos empresários afirmaram que conseguem manter o funcionamento devido à utilização de ferramentas digitais, como sites, telefone e aplicativos. Outros 37,6% não conseguem funcionar porque dependem do atendimento presencial.
Dentre os que fecharam seus negócios, 29% pretendem abrir outra empresa, 20% vão procurar outro emprego, 16,8% vão criar um negócio informal, 11% querem ser autônomos e 4,5% pretendem se aposentar.
Faturamento
Conforme o levantamento, a pandemia afetou o faturamento de 86,9% dos entrevistados, com uma redução média de 61%. Apenas 3,8% afirmaram ter aumentado o faturamento, sendo que, desse total, 38,9% passaram a vender on-line.
Questionados sobre a necessidade de demitir funcionários com carteira assinada, nos últimos 30 dias, por conta da covid-19, 46,9% responderam não ter funcionários, 40,5% não precisaram desligar colaboradores e 12,6% tiveram que dispensar.
Vendas on-line
A maioria dos empresários (46%) já realizava vendas on-line antes da pandemia; 18% afirmaram não vender por esse tipo de canal, mas que têm interesse. Os meios mais utilizados para a comercialização de produtos e serviços apontados pelos empresários são o WhatsApp (84,6%), seguido por Facebook (56,2%) e Instagram (40%).
O mais recente levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a FGV, ouviu no Paraná 527 donos de pequenos negócios, de 29 de maio a 2 de junho. Metade dos entrevistados é do setor de serviços, 44% do comércio e 4% da indústria. Em todo o país foram 7.703 donos de pequenos negócios que responderam a pesquisa, de todos os 26 estados e do Distrito Federal.
Confira outros dados da Pesquisa no Brasil:
*Para 87% das MPEs, o impacto da covid-19 continua sendo a diminuição do faturamento.
*Entretanto, melhorou o nível de faturamento: na segunda sondagem, o resultado estava, em média, 69% abaixo do normal e, na última pesquisa, o faturamento médio estava 55% abaixo do normal.
*Mais empresas que estavam paradas voltaram a funcionar. A interrupção temporária caiu de 59% para 43%.
*WhatsApp é o principal meio de venda pelas redes sociais, seguido pelo Instagram e pelo Facebook.
*Mais de dois terços das empresas afirmaram que já adotaram (ou será fácil adotar) protocolos de segurança e higiene no combate à covid-19 no retorno às atividades.
*A expectativa de retorno à normalidade, na média dos empreendedores ouvidos, passou de março de 2021 para julho de 2021.
Auxílio emergencial promove alívio nas contas de 4,2 milhões de MEI
Curitiba – O auxílio emergencial pago pelo governo federal desde maio, para conter os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus, beneficiou até o momento 4,2 milhões de MEIs (Microempreendedores Individuais). Na terça-feira (30), o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o benefício de R$ 600 será prorrogado por mais dois meses, podendo ser desmembrado em quatro parcelas, totalizando R$ 1,2 mil.
Desde o início da pandemia, o Sebrae defendia a prorrogação do auxílio, considerado um alívio para os microempreendedores, que estão entre os mais vulneráveis em meio aos impactos causados pela pandemia.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, além do apoio à prorrogação, é necessário que as discussões sobre o benefício avancem na direção de políticas de curto e longo alcance para atender as necessidades do MEI. “O Sebrae reconhece que o auxílio emergencial tem dado uma base de sustentação ao MEI, dando um alívio nas contas, mas acreditamos que é necessário avançar em medidas que garantam a inclusão da categoria em uma rede maior de proteção social”, destacou.
Outras medidas
Diante do importante papel exercido pelos microempreendedores individuais na geração de trabalho e renda, o Sebrae tem proposto que recebam um auxílio emergencial adicional, complemento calculado tendo como referência a média de faturamento em 2019. Também defende que a categoria seja inserida no programa Renda Brasil, que irá reformular e unificar as ações sociais do governo pós-pandemia.
O MEI se tornou a maior porta de entrada para o empreendedorismo no Brasil, como integrante dos pequenos negócios, que representam 30% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Em abril deste ano, mesmo durante a crise, o país atingiu o número de 10 milhões de MEI, dando oportunidade a esses empreendedores de formalização e acesso a direitos, como aposentadoria e benefícios como auxílio-doença e auxílio-maternidade.