BRASÍLIA – A crise econômica atingiu em cheio o setor de serviços e fez com que vários empresários tivessem que fechar as portas. Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que 67,9 mil lojas foram fechadas só no primeiro semestre de 2016. No ano passado, 99 mil varejistas saíram do mercado.
A CNC considerou, para o levantamento, apenas as lojas com vínculo empregatício, ou seja, não entram na conta os vendedores autônomos. No total, o estudo estima que existam, hoje, 700 mil estabelecimentos desse tipo. Ou seja, pelos cálculos da confederação, em um ano e meio o setor perdeu o equivalente a 17% do total.
Para a confederação, a pedra no sapato do varejo são os setores de hipermercados ? que sofrem com a inflação dos alimentos ? e combustíveis, uma vez que ambos pressionam os preços. O economista da CNC Fábio Bentes explica que esse é o terceiro ano de queda no número de lojas do setor. O ano de 2015, no entanto, foi o primeiro em que o saldo líquido foi negativo, quando houve mais fechamentos do que lojas abertas.
? Se olharmos o padrão deste ano, o acumulado será certamente ruim, provavelmente pior do que o ano passado. Mas acreditamos que o segundo semestre terá menos lojas fechadas do que o mesmo período de 2015.
No ano passado, a maior parte do fechamento de lojas se concentrou no segundo semestre: 73 mil dos 99 mil estabelecimentos fechados se deu nos últimos seis meses do ano. A expectativa de uma melhora para a segunda metade de 2016 é ancorada em um avanço de vários indicadores elencados pela CNC. O presidente da confederação, Carlos Thadeu de Freitas, explica que uma melhora nas expectativas internas e uma piora do cenário internacional gerou uma onda positiva na economia brasileira:
? Os indicadores estão dando sinais menos ruins. Já há um cenário mais positivo, a taxa de juros de longo prazo está em queda, os indicadores cíclicos, como confiança e o preço dos ativos, melhoraram. Além disso, a política expansionista do governo em relação aos gastos no curto prazo ajuda o setor de serviços porque circulam mais recursos. O governo aumentou o Bolsa Família, acabou com os rumores de que não adiantaria o 13º salário. Isso traz um alívio momentâneo para o setor.
Freitas explicou que o governo abriu mão, no curto prazo, de uma política de corte de gastos a qualquer custo e decidiu segurar as despesas no futuro, por meio da proposta de emenda constitucional (PEC) que define um teto para o gasto.
? Não justifica o governo segurar o dinheiro na boca do caixa, não adianta não liberar recursos para manter a máquina, por exemplo. É uma política fiscal mais realista.