Cotidiano

Temer diz que economia decola, mas ainda pode precisar de 'gravames'

SÃO PAULO. O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira a investidores que a economia “ainda não decolou por inteiro” e , por isso, o governo pode tomar medidas ou “outros gravames”, de forma episódica e transitória. Ao enumerar a aprovação de medidas pelo Congresso, como o teto dos gastos públicos, o presidente assinalou que está levando a sério a responsabilidade fiscal e admitiu que outras medidas podem ser tomadas, ainda que de forma transitória, para reequilibrar as contas públicas.

– A economia ainda não decolou por inteiro, começou a decolar. Tanto vez ou outra os senhores veem noticias de que talvez haja necessidade de um contingenciamento, uma ou outra medida que seja necessária ela passa a ser episódica e transitoria, para logo depois eliminarmos o contingenciamento ou outro gravame qualquer – disse o presidente, que participou na manhã desta quarta-feira na abertura do seminário do Bank of America Merrill Lynch, um evento fechado a jornalistas e que foi transmitido pela televisão estatal, a NBR.

Temer afirmou que a responsabilidade fiscal já permitiu ganhos, como a redução da inflação da casa de 10% para 4,8%, e a retomada do emprego, que era esperada apenas para o segundo semestre. O reflexo disso, assinalou, é grande presença de investidores no leilão de quatro aeroportos e de dois portos em Santarém, ambos com ágio expressivo. Há oito meses atrás, disse o presidente, os investidores estrangeiros ainda estavam muito preocupados e, agora, caminha para reverter a situação, com a Moodys alterando a perspectiva de rating para o Brasil, de grau negativo para estável.

O resultado da mudança de percepção das agências, disse Temer, é refletida, por exemplo, nos leilões de concessão de aeroportos e de portos em Santarém (PA), onde houve, segundo ele, presença extraordinária e ágio “estupendo”.

– Tudo fruto da responsabilidade fiscal, que estamos levando a sério – disse o presidente.

Presidente volta a defender reforma da Previdência

Temer voltou ainda a defender a reforma da Previdência, afirmando que, caso ela não seja feita, em 2024 o país só terá dinheiro para pagar servidores e aposentados e beneficiários da previdência. Segundo ele, a “imprevidência” social pode levar a casos extremos, como as dificuldades financeiras de estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

– É a quarta das reformas importantíssimas para o país – disse o presidente, acrescentando que é preciso “aproveitar o momento” de apoio do Congresso Nacional.

O presidente admitiu que o governo pode negociar pontos específicos, como a aposentadoria rural e de deficientes.

Segundo ele, hoje ninguém se aposenta com 100% do valor da aposentadoria. Em média, afirmou, o percentual fica entre 76% e 80%.

– Ninguém se aposenta com 100% do valor – explicou.

Temer lembrou que as reformas feitas até agora, como a adoção de teto para gastos públicos e a reforma trabalhista, que ainda precisa ser transformada em lei ordinária, só foram possíveis em função do apoio do Congresso Nacional e que é impossível governar o país em o apoio dos parlamentares.

Aos presentes, Temer pediu que voltem a investir no Brasil e que ajudem a divulgar o governo lá fora, nos Estados Unidos e em outros países.