Frete sobe 15%; para Faep, é absurdo
Curitiba – A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) estabeleceu novas regras para a cobrança do frete rodoviário em resolução publicada nessa quinta-feira (16) e que entram em vigor segunda-feira (20). Dentre as mudanças, reajuste de 11% a 15%, conforme o tipo de carga e operação, e ainda a obrigação do pagamento do chamado frete retorno para os caminhoneiros que levam carga e voltam com o caminhão vazio.
As duas situações são consideradas absurdas pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). “Nós sempre nos posicionamos contra o tabelamento do frete. É um livre mercado e deve valer a lei da oferta e da procura. Nós temos muito mais caminhoneiros do que há necessidade, isso não só no Paraná, mas no Brasil. O tabelamento já não é seguido e, com reajuste de 15% em uma economia com inflação de 3%, nenhuma empresa vai cumprir isso… no máximo vão reajustar o valor da inflação”, afirma o assessor técnico econômico da Faep, Nilson Camargo.
Já sobre o frete retorno, ele alerta que pode prejudicar os próprios caminhoneiros: “É a lei do mercado, a empresa não vai pagar a mais para um se outro não exige, então é inviável”, ressalta.
Empresas
Nilson destaca que as mudanças devem novamente impulsionar a compra de frotas pelas próprias empresas, como já ocorreu quando a tabela foi imposta. “Hoje metade dos caminhoneiros atua como autônomo e a outra metade é contratada. A tendência é que cada vez mais as empresas optem por comprar caminhões”, reforça.
Ele ainda cita que existem parâmetros que são estabelecidos na parceria entre o contratante e o contratado: “Se uma empresa contrata um caminhoneiro fixo, eles fazem as regras e estabelecem os valores”.
As mudanças
Com as alterações, o valor do piso mínimo no País sofreu um reajuste que varia de 11% a 15%, de acordo com o tipo de carga e operação. Os valores de itens como pneu e manutenção dos caminhões também foram atualizados.
Demanda dos caminhoneiros, a nova regra do frete retorno vale para situações em que a regulamentação do setor proíbe que o caminhoneiro retorne transportando um novo tipo de carga. Isso ocorre, por exemplo, com um caminhão que transporta combustível e não pode voltar com outro tipo de carga.
O texto também incluiu a cobrança do valor das diárias do caminhoneiro e um novo tipo de carga, a pressurizada. Agora, a regulamentação abrange 12 categorias.
Os valores do piso mínimo do frete são atualizados pelo órgão regulador a cada seis meses. A tabela do frete foi estabelecida em junho de 2018 para pôr fim à greve dos caminhoneiros que parou o País durante dez dias.