A discussão, já antiga, em relação ao desassoreamento do Lago Municipal de Cascavel, marcada pelo jogo de empurra entre Município e Sanepar, não tem data para as cenas do próximo capítulo.
Lembram que o Lago passou quase todo o ano passado definhando, em um cenário lastimável? Na época, muitos sugeriam que se aproveitasse que estava praticamente sem água para que fosse removida parte da terra/lama e agilizasse o desassoreamento, ou parte dele.
Em entrevista à Catve, na última sexta (2), o prefeito Leonaldo Paranhos afirmou que a Sanepar assumiu compromisso por escrito ano passado em fazer o desassoreamento com o IAT (Instituto Água e Terra). Ele disse que não tem autonomia para fazer a obra, cobrou a Sanepar que a faça ou que então autorize o Município a fazer.
Já a Sanepar conta outra versão da história. Afirma que não houve definição nesse sentido e que o desassoreamento estava sendo discutido em um grupo formado por integrantes do Ministério Público, da Sanepar, do IAT, entre outros, mas que não houve uma “conclusão até o momento”.
Além disso, o trabalho só pode ser realizado depois que a Estação de Captação do Rio São José entrar em funcionamento, o que está previsto para o fim do mês de dezembro.
Já a chefe do IAT (Instituto Água e Terra), Marlise da Cruz, confirmou que há a discussão do desassoreamento nesse grupo mencionado pela Sanepar e que houve encontros para tratar do tema no início deste ano, mas que, por conta da pandemia, os trabalhos foram paralisados.
Ela concorda sobre a necessidade de a nova estação de captação estar em pleno funcionamento para desassorear o lago, mas garante que a ação só pode ser realizada quando a estiagem prolongada – que ameaça o desabastecimento urbano de água – chegar ao fim. “Ficou acordado que os trabalhos poderiam ser feitos após a estação entrar em funcionamento, mas agora não é possível realizar qualquer tipo de obra que coloque em mínimo risco o abastecimento da população. Não há a menor possibilidade de se mexer, mesmo quando a nova estação estiver funcionando, no Lago Municipal. Mexer naquela lama vai impossibilitar a coleta da água, vai trazer turbidez, há lugares ali sedimentados, algumas coisas que estão acomodadas ali há anos e, mexendo nisso, não há como garantir a qualidade da água. Então, enquanto houver a seca, não há como se pensar em mexer no lago”, reforça Marlise.
Processo de licença
Marlise acrescenta que o processo para a liberação de licenças e projetos para a execução dos trabalhos é feito pelo IAT, mas que os projetos devem ser elaborados pela Sanepar ou pelo Município, quando houver acordo entre as partes, e apresentados para análise.
Todo o processo de análise e liberação deve levar entre 90 e 120 dias a partir da data de entrega.
A chefe do IAT voltou a frisar que o projeto só deve ser pensado e viabilizado após o fim da estiagem e normalização das chuvas, de modo que o abastecimento não esteja atrelado à captação de água no local.
Diante disso, ela acredita que, caso as condições hídricas se normalizem ainda neste ano, o processo deve ser iniciado ano que vem e há possibilidade de o processo de execução da limpeza começar ainda no primeiro semestre.
Captação em 70%
A situação hídrica da região oeste vem se agravando. O consumo bateu recordes nos últimos dias e a vazão dos rios caiu ainda mais, com níveis 30% abaixo do normal. O cenário levou a Sanepar a abrir ainda mais o registro de captação de água do Lago Municipal, que agora está em 70%. Com o isso, o nível da água, que já estava bem abaixo do normal, desenha um cenário ainda mais impactante e desolador no cartão-postal de Cascavel.