Agronegócio

Rios baixam e Cataratas dão novo espetáculo; veja imagens

Vazão cai quase dois terços e água fica branquinha

Rios baixam e Cataratas dão novo espetáculo; veja imagens

A estiagem prolongada trouxe reflexo por toda a região. Nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, a vazão das quedas chegou à metade do volume no início da semana passada, de 1,5 milhão de litros por segundo, para 749 mil litros por segundo. Ontem (23), segundo medidor hídrico da Copel, chegava a 639 mil litros por segundo, ou seja, quase um terço do volume normal.

A queda da vazão garantiu um novo espetáculo, com quedas tranquilas e água branquinha.

Reservatórios, rios e mananciais por toda a região também estão baixos, em média com queda de 40% a 60% da vazão. Em Cascavel, o fornecimento de água segue um calendário de rodízio, que vem sendo suspenso diariamente devido à queda significativa no consumo de água, mas pode ser acionado se a situação piorar.


Sem chuva: 40 mil hectares cultivados devem se perder no campo

Reportagem: Juliet Manfrin

Palotina – O inverno na região oeste fechou com um déficit de chuva acumulado em mais de 300 milímetros. Na prática, isso significa que de junho a setembro deveriam ter sido registrados cerca de 350 mm, mas o que caiu de fato caiu menos de 50mm, contrariando todas as previsões que indicavam muita chuva sob a influência do El Niño.

Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a estação foi uma das menos chuvosas em duas décadas.

Ela chegou ao fim na madrugada de ontem e outro ponto em destaque foram as temperaturas bem elevadas, sobretudo a partir da segunda quinzena de agosto. A região teve um dos invernos mais quentes desde 1997. Com exceção de duas massas de ar polar, uma em julho com três geadas consecutivas e outra em agosto, com duas geadas, os termômetros ficaram mais elevados que a média, sobretudo no último mês, quando passaram de 30ºC por semanas. Em Palotina, para se ter ideia, no último dia 18 os termômetros quase bateram 40ºC, a maior temperatura do ano.

Um dos setores mais prejudicados é a agricultura. Nesta etapa, ao menos 500 mil hectares já deviam ter sido cultivados com soja, mas, sem umidade no solo, foram poucos os que se arriscaram a plantar no chamado pó. Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), apenas 3% dos campos foram semeados, algo próximo a 30 mil hectares por toda a região, mas a situação dessas lavouras é crítica.

Há ainda quase 10 mil hectares com milho e, juntas, essas áreas podem estar completamente perdidas.

Segundo o técnico José Pértille, há problemas graves de germinação. Sem previsão de chuva em volume expressivo para os próximos dias, esses 40 mil hectares podem ser dados como perdidos: “Há um risco enorme de ter que replantar tudo”, alerta.

Efeito cascata

Outro ponto preocupante é que, a cada dia que passa com o atraso no cultivo da safra, coloca-se em risco a safrinha de milho que é cultivada no início do ano. “Com soja no campo não tem como plantar milho e a cada dia que passa a safrinha fica mais comprometida”, explica Pértille.

O produtor Erno Just, de Nova Santa Rosa, plantou soja no início deste mês. As lavouras ainda estão irregulares. Esperando por chuva, ele já calcula os prejuízos e lamenta: “Plantamos esperando chuva, mas ela não veio”.

E nem mesmo outubro deve haver trazer a normalização da chuva, pois as previsões indicam mais um mês seco. A situação vivida neste momento muito se assemelha à safra 2017/2018, quando o plantio atrasou em cerca de 30 dias. A diferença é que naquele ano o índice pluviométrico se normalizou em outubro.

Para os principais modelos meteorológicos, chuva mesmo só deve voltar a cair a partir de novembro.

 

Campo sofre com a falta de chuva e lavouras não se desenvolvem- Foto: Aílton Santos/ O Paraná