Cotidiano

Produtores plantam mesmo sem chuva

Sojicultores prometem intensificar cultivo neste fim de semana

Toledo – A falta de chuva que se estende por 35 dias associada à baixa umidade do ar e o calor intenso, deixam o solo extremamente seco e já com rachaduras em diversos pontos. Isso se tornou sinônimo de alerta e de muita preocupação no campo. A previsão considera que chuvas expressivas só a partir do dia 10 do mês que vem e diante deste cenário desolador, muitos produtores adotaram uma postura extrema: estão plantando soja e milho mesmo sem nenhuma umidade no solo e correndo o risco de perder a semeadura.

Eles estão arriscando tudo e torcendo para que a água enfim possa chegar e facilitar a germinação, uma vez que existe uma probabilidade de cair em torno de 20 milímetros na próxima semana.

Este diagnóstico que vinha sendo observado nos últimos dias foi apurado ontem durante uma reunião de campo realizada com representantes de cooperativas, produtores rurais, da Secretaria de Agricultura e Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel.

Dos 564 mil hectares que deverão ser destinados à soja no ciclo 2017/2018 em 28 municípios cobertos pelo núcleo, cujo cultivo está liberado desde o dia 10 de setembro com o fim do vazio sanitário, mas totalmente atrasado por conta da secura, em torno de 3%, ou seja, quase 17 mil hectares já foram cultivados com as condições do tempo nada favoráveis.

No Núcleo de Toledo, onde estão outros 20 municípios, o percentual de cultivo é o mesmo, são 3% de um total previsto de 477 mil hectares destinados à oleaginosa. Isso significa que por lá são 14,5 mil hectares também já semeados. A soma resulta em mais de 31 mil hectares que, por enquanto, não se desenvolvem por conta da secura e do calor extremo.

Ocorre que esse plantio deverá se intensificar neste fim de semana, principalmente no Núcleo de Cascavel, quando muitos sojicultores estão a postos e preparados para colocar as máquinas em ação. “Há muitos casos onde os produtores vão intensificar o plantio, tanto da soja quanto do milho, mesmo com esta secura toda e torcer para que chova alguma coisa nos próximos dias”, afirma o técnico do Deral, José Pértille.

Assim, a aposta será plantar em valas mais rasas, pois volumes menores de chuva já contribuiriam para a germinação. “Se a vala for muito funda, se chover pouco a umidade não chega e aí vai ser preciso plantar tudo novamente em algumas semanas”, seguiu o técnico.

Os efeitos da estiagem

Vale lembrar que os efeitos da estiagem valem não apenas para este ciclo, mas principalmente para o próximo. “Para o plantio da soja ainda está no zoneamento, ele pode ser feito até dezembro. Ocorre que se for plantada mais tarde, afeta a safrinha, pois muitos produtores começam este cultivo em fevereiro”, pondera a economista do Deral em Toledo, Jean Marrie Ferrarezi.

Trocando em miúdos, o plantio da safra de verão atrasada em todo o Paraná, também compromete em cheio o cultivo de inverno, a chamada safrinha. “O produtor planta justamente mais cedo a soja para colher no início de janeiro e dar tempo de plantar o milho safrinha. Cada dia que atrasa o plantio agora é um retorado no cultivo de inverno, lá na frente”, lembra Pértille preocupado.

Por enquanto não mudaram as expectativas de produção ou de produtividade, pois isso só poderá ser reavaliado considerando o comportamento do clima e do tempo a partir do plantio.

MILHO

Quanto ao milho, o volume plantado é bastante baixo, já que estas lavouras são quase inexpressivas no ciclo de verão na região. Somados os dois núcleos, serão menos de 20 mil hectares para o cereal, 11 mil no núcleo de Cascavel e 8,5 mil hectares no de Toledo.