SÃO PAULO. O Ministério das Relações Exteriores do Peru disse esperar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deporte o ex-presidente Alejandro Toledo, que pode estar em San Francisco, na Califórnia. Toledo é procurado pela justiça peruana pela acusação de ter recebido subornos da empreiteira Odebrecht e teve mandado de prisão emitido contra ele na semana passada.
Ninguém sabe ao certo o paradeiro de Toledo. Na semana passada, segundo o governo do Peru, ele estava em Paris. No domingo, a chancelaria de Israel disse que não iria permitir a entrada de Toledo no país. Havia uma informação que, de São Francisco, Toledo estaria tentando embarcar para Tel Aviv, já que sua mulher, Eliane Karp, tem cidadania israelense.
? O ex-presidente Toledo só terá entrada permitida em Israel quando suas questões forem resolvidas no Peru ? disse um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, sem dar mais detalhes.
No domingo à noite, o governo peruano informou que o presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski, conversou com Trump e pediu, entre outras coisas, que estude a possibilidade de deportar Toledo para que seja processado em Lima.
?O presidente Kuczynski solicitou a Donald Trump avaliar, no âmbito das competências que a lei de migração desse país dá ao Departamento de Estado, a opção de deportar Toledo para o Peru?, informou a chancelaria peruana.
A justiça peruana emitiu uma ordem de captura internacional e prisão preventiva de 18 meses para Toledo, por supostamente ter recebido US$ 20 milhões de dólares da Odebrecht para favorecer a empresa na construção de uma rodovia que liga Peru e Brasil.
O governo do Peru suspeita que Toledo, professor visitante da Universidade de Stanford, ainda esteja em San Francisco e oferece US$ 30 mil por informações que ajudem em sua captura.
O ex-presidente é acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A Procuradoria tem como base depoimentos e documentos do ex-representante da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, que afirmou ter repassado o dinheiro a Toledo através das contas de um amigo deste, o empresário peruano-israelense Josef Maiman.
O dinheiro, segundo a Procuradoria, foi utilizado para pagar hipotecas e propriedades no Peru vinculadas a Toledo por meio de uma empresa offshore.
Em uma mensagem publicada no domingo à noite no Twitter, sem informar seu paradeiro, Toledo afirmou que nunca fugiu, já que não era processado quando deixou o país.
?O tribunal em Lima não pediu meu testemunho para ajudar com sua investigação. Ao contrário, me acusou de delitos que não cometi e que o tribunal não pode comprovar?, escreveu Toledo, que não informou se retornará ao Peru.
Kuczynski agradeceu ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pela decisão de impedir a entrada de Toledo, informou a presidência peruana.
? Esta crise de confiança começou no Brasil e agora se estendeu a todos os países da América Latina ? disse Kuczynski, em pronunciamento na TV na noite de domingo.