Cotidiano

Para aceitar proposta, tarifa vai para R$ 4,30

O dilema entre greve e aumentar a tarifa no transporte humanizado de Cascavel continua...

Para aceitar proposta, tarifa vai para R$ 4,30

O impasse sobre a reposição salarial dos motoristas do transporte público de Cascavel parece caminhar para um dilema: a greve a partir da próxima terça-feira, ou a tarifa reajustada para R$ 4,30.

Pelo menos essa é a dedução a partir da reunião convocada para ontem pelo prefeito Leonaldo Paranhos, que tinha intenção de intermediar as negociações e tentar um consenso. Os trabalhadores até recuaram mais um pouco nas propostas, mas as empresas bateram o pé: só concedem algo a mais se forem compensadas na tarifa.

Quem ficou na saia-justa foi o prefeito. Isso porque o novo sistema do chamado Transporte Humanizado de Qualidade completa um mês em meio a muitas reclamações ainda e ajustes improvisados para sanar os problemas mais graves. Não há clima para subir as tarifas de R$ 3,65 para R$ 4,15, solicitado pelas empresas há quase dois meses, quem dirá chegar a R$ 4,30, como disseram ontem os representantes das empresas.

As negociações salariais começaram em novembro, com os trabalhadores pedindo 9% sobre os salários (4% de inflação e 5% de aumento real) e R$ 350 de vale-alimentação (hoje é R$ 236). As empresas disseram que dão 4% de reajuste (só a inflação) e R$ 14 de acréscimo no vale-alimentação (6%).

Depois de 40 minutos de muita discussão e com direito a conversas privadas com o prefeito, os trabalhadores cederam para 5% sobre os salários (1% de aumento real) e mais R$ 50 de vale. As empresas disseram não. Só se subir a tarifa.

“Nós fizemos de tudo para haver um acordo, mas as empresas não querem ceder. Só o sindicato cede? Não estamos mais falando de rejuste salarial, apenas de alimentação nesse primeiro momento”, disse o assessor da Federação dos Trabalhadores Rodoviários, Marcilio Jesus Garcia, chamado para colaborar com a discussão.

O diretor da Pioneira, Camilo Marra, afirmou que, se as empresas aceitarem a nova proposta, a passagem vai subir: “Não tem como manter o valor da tarifa que nós já propomos. Com a nossa proposta de 4%, mais os R$ 250 de alimentação, a passagem já chegou aos R$ 4,15. Se aumentarmos para R$ 300 a alimentação e manter os 4% sobre os salários nesse primeiro momento, a passagem vai para R$ 4,25 a R$ 4,30”.

Detalhe: a prefeitura ainda nem se posicionou sobre o reajuste mencionado que elevaria a tarifa para R$ 4,15, que representa alta de 14%. O prazo para o prefeito se pronunciar sobre o assunto era 28 de fevereiro, mas ele saiu de férias, retornou esta semana e ontem disse que “não era o momento para falar sobre isso”.

A reportagem solicitou à Secretaria de Comunicação uma previsão sobre a definição da nova tarifa, mas ninguém se preocupou em responder.

Sem poder de caneta

O diretor da Pioneira, Camilo Marra, disse que o “poder está na mão do prefeito Leonaldo Paranhos” e que, se ele autorizar adicionar esse novo valor na planilha de custos, as empresas fecham negócio com o sindicato.

Já o prefeito disse que “estou aqui para defender e proteger a população. Não é como as empresas trouxeram, que o poder da caneta está na minha mão… Eu vejo o que é o melhor para a população. Não quero hoje nem falar de passagem, mas isso não pode pesar muito no bolso do usuário”.

Greve anunciada

Os trabalhadores mantiveram a previsão de greve para a 0h de terça-feira (19), mas aguardam um posicionamento das empresas até lá. “Vamos parar 70% da frota, mas a possibilidade é de que 100% dos ônibus nem saíam das garagens na terça-feira”, alerta o líder sindical Nelson Mendes.

O prefeito Leonaldo Paranhos pediu ponderação: “Estamos em um momento difícil. Houve muitas mudanças no sistema de transporte, a greve agravaria ainda mais a situação. Queremos um acordo até segunda para evitar prejuízos à população”.